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domingo, 24 de novembro de 2024

Não foi um show ou comédia.

Fanfarrões? Sério Mourão?



Braga Neto e Jair Bolsonaro - foto reprodução do sítio  Uol


Inquérito do golpe: OAB e juízes federais manifestam 'preocupação' e reforçam defesa da democracia - G1 24.11


Reuniões, áudios e depoimentos: os elos de Bolsonaro com tentativa de golpe… - UOL 24.11


Os bolsonaristas costumam zombar da inteligência alheia, minimizar os erros e efeitos negativos de seus crimes, para fugir de responsabilidades.

Vejamos alguns dos acontecimentos relacionados:


Golpe, joias e vacina poderiam gerar denúncia única contra Bolsonaro… - UOL 23.11


- na pandemia Bolsonaro ria de uma gripezinha, zombava dos que ficavam sem ar, sem oxigênio negado como em Manaus e morriam, enquanto ele ria e fugia das suas omissões e crimes;

- em frente ao STF e em locais públicos ou pela tv, ele Bolsonaro, liderava hordas atacando a honra de ministros e as instituições democráticas, crimes que não teve punição até o momento;

- ou fez todos de idiotas com negócios e presentes na forma de jóias que militares, contrabandearam ilegalmente para presentear Bolsonaro;

- criminoso foram ainda os esquemas com os cheques a primeira dama, é vergonhoso mas não é engraçado;


Prints, fotos e vídeos: veja a cronologia da tentativa de golpe de Estado - G1 23.11


Golpe ainda não morreu, dizem ministros do STF após explosão em Brasília; Corte vê anistia enterrada - G1 14.11


Aliás, os episódios com militares como o próprio Mourão como vice, e  que se uniram a ele, foram muitos, negativos e em dados  instantes vergonhosos, o caso do Pazzuelo e a crise de Manaus, foi um deles. Como se entregaram totalmente a alguém chegado a fanfarronices, é que não dá pra entender. O Exército já havia detido e expulsado Bolsonaro há décadas, por querer explodir bombas, mas ele teve total apoio de muitos militares para chegar a presidência e cometer absurdos horríveis.

Mas continuando na retrospectiva, a intenção criminosa de praticar atos contra Estado e instituições democráticas é prevista em Lei, assim como a apologia ao crime, associação para o crime, e abolição violenta do Estado, que é golpe sim. E não são fatos isolados como vimos, não são fanfarronices, e associados ameaçam as instituições democráticas, causaram danos, destruição, perdas, agressões e ameaças em situações que visavam beneficiar alguém no poder, Bolsonaro.  Vale acrescenta que ele esteve diretamente ligado aos envolvidos, ou a grupos de presos por crimes, que não tem graça nenhuma. Continuemos:


Terrorismo o novo nome do bolsonarismo! - FocoBRASIL 08.01.2023


Militantes da extrema direita tentaram explodir aeroporto em 2022, relembre - Correio Braziliense 14.11


- também não tem graça estimular a PRF a inibir eleitores à votar, isso é crime, ou o fechamento de rodovias em atos violentos e prejudiciais a população, lockout, para tentar mudar resultados do voto livre e democrático, já consumado;

- incentivar e proteger pessoas tresloucadas em frente à quartéis, com acampamentos que clamavam por golpe militar, e de onde vários partiram para cometer crimes, como tentar invadir sede da PF, explodir caminhão tanque em área de circulação no aeroporto, ou quebrar, agredir força de seguranças e tomar as sedes das instituições por meio de destruição violenta de patrimônio do povo, tudo articulado e ligados a planos aloprados, que ocorriam diante de militares e quartéis. Sim isso é crime e muito grave, não é um show nem algo aceitável, e havia coordenação e líderes, e quem desejasse e que achava que somaria aos esforços para ficar no poder, mesmo se distanciando do exato momento em que ocorriam os fatos.


Coronel tramou morte de Moraes com dados roubados após batida de carro - Metropólis 20.11


O plano de matar os eleitos Lula e Alkimin, ou Moraes, felizmente não deu certo, mas foi posto em curso ao que se sabe após reunião com o Braga Neto, envolvendo militares de forças especiais à serviço do Estado, e com o conhecimento e interesse de Bolsonaro. As leis não especificam quantos envolvidos devem estar associados, para definir um golpe, mas as intenções e não só os atos, portanto se há palhaços e fanfarrões, estes estavam também em atos criminosos que comprometeram as instituições militares, mas não em uma comédia, e usaram recursos públicos para crimes que merecem e precisão ser punidos, e seus líderes também, como apontam as investigações, Bolsonaro e Braga Neto, e outros como o general Heleno. 

Estes que achavam que matando os recém eleitos e o presidente do TSE, criariam um vácuo de poder que permitiria a eles tomar em suas mãos as rédias do país, num golpe que com parte dos baderneiros se imporia e teriam um posterior apoio do Exército e da FAB, pois como já sabemos o próprio ministro da Marinha do governo Bolsonaro, já havia colocado à força a disposição do próprio. Não são palhaços, são perigosos criminosos!

Vice de Bolsonaro, Mourão chama plano de golpe de “fanfarronada” - Metrópolis 23.11


Mourão, não são fanfarrões, são golpistas criminosos, e podem existir muito mais que os 36 indiciados até o momento, quem sabe Mourão não possa esclarecer sobre isto também, já que foi vice presidente e é um general, conhece muito mais que deixa claro, ao menos sobre no caso de falsos comediantes.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

"Não é censura!"

Será mesmo que não é?

Em recente decisão o ministro do STF - Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, determinou medidas restritivas e o o recolhimento de alguns livros sobre Direito, após provocações do MPF - Ministério Público Federal por meio de ação,  que apontavam a existência de conteúdo supostamente ofensivo e discriminatório, e que feriam a dignidade das pessoas com opção sexual diferentes das tradicionalmente reconhecidas pela sociedade e pela legislação, ou pelo Estado. O que tem alimentado polêmicas, inclusive já existentes sobre liberdade de expressão, censura, intervenções e ativismo judiciário.

 

Dino determina recolhimento de livros acadêmicos discriminatórios - Agência Brasil 01.11 

 

A decisão envereda um terreno movediço e muito perigoso, vai estimular reações ruins dentre grupos radicais e tradicionais. Ainda que sejamos contrários a discriminação de qualquer tipo e a violências, mesmo as contra a reputação, contra pessoas, grupos ou minorias. Nos parece que estamos flertando com medidas que noutro contexto podem ser muito ruins.

Ao longo do tempo muitos de nós lemos e vimos obras diversas, muitas hoje taxadas com conteúdos impróprios ou execradas, até por alguns grupos que as rotulam como politicamente incorretos, por atingirem negativamente suas percepções de sociedade, liberdades e direitos. Mas como nos ensina a história, seus ciclos e a evolução ou involução das sociedades, os que também cobram medidas como esta tomada pelo ministro Dino, podem vir a ser surpreendidos e ver as medidas consideradas atentatórios ao direitos, liberdade, ou dignidade de outros, num futuro diferente do atual.

Quantos autores, filósofos, pensadores, políticos, religiosos, que impactaram ou impactam nas sociedades, nas leis, no intelecto coletivo, foram ao defender suas teses e correntes de pensamentos, de alguma forma "violentos" ou "agressores" contra outros, seus pensamentos, doutrinas e direitos? E quantos foram injustiçados e com eles suas obras? Quantos ainda hoje, de forma plural estão ao acesso de todos, e são consumidos, combatidos ou apoiados. Certamente muitos, pois isso é o que constrói também a sociedade. Outros porém já foram exorcizados naturalmente.

O politicamente correto hoje, julgado por alguns, não pode nos privar de conhecimento e expressão, é apenas uma possibilidade, algo que devemos ter cuidado, pois podemos nos futuro nos deparar com situações que apontem que erramos, ou nossos acertos hoje são também circunstanciais, e temporais.

Talvez classificar, alertar ou melhor informar, sejam medidas necessárias, mas que não evoluam à plena censura, mesmo que se diga que não é censura prévia. Precedentes ruins, podem vir do desejo de extirpar um mal, dificultando compreender o que geram, ou podem gerar problemas muitos sérios!

Não concordamos nem defendemos ideias de "pensadores" como Olavo de Carvalho e o seu Imbecil Coletivo, ou de outros, como Adolf Hitler e o Minha Luta/Mein Kampf, nem outros de vertentes políticas, sociais, ou religiosos. Contudo, mesmo que temas e discussões possam melindrar pessoas e grupos, estes são vendidos, estudados e estão aí para acesso de muitos. Haverá sempre quem queira censurar ou atacar, obras contrárias as suas ideias ou polêmicas, sejam como as de, Stalin por Trotsky (e suas afirmações sobre o líder russo), seja o Alcorão (e sua visão de sociedade), seja a Bíblia (e os super direitos de Israel), ou o Fascismo Identitário de A. Risério, e qualquer outro tema e obra...

Vamos queimar todos (ou recolher, a princípio um absurdo)? Como fizeram os americanos ao Alcorão (em 2010, pela Administração de Alinhamentos e Remédios ); os nazistas na Segunda Guerra (década de 40), ou da Biblioteca de Bagda em 1258. E etc...?

Não que isso implique em deixar impune os atos doa que maculem o direito, ou violenta a dignidade, honra e as vidas dos cidadãos, mas é preciso dosar punições e uso da Lei. E o STF tem sido cobrado, por vezes injustamente, mas precisa estar atento a decisões como estas para não abrir brechas e questionamentos válidos contra seus ministros e a instituição, prejudicando nossa forma de compreender e aceitar a justiça e as leis.


Sessão plenária do STF. 29/02/2024 - Ministro Flávio Dino na sessão plenária do STF.  Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
Ministro Flávio Dino - STF - Reproduzida da Agência Brasil