segunda-feira, 11 de setembro de 2017

O que está em jogo?

Esta pergunta nos leva a muitas situações e respostas, mas em se tratando de sociedade brasileira e suas relações com o poder, estruturas e principais consequências sociais, nós podemos nos arriscar e resumir em poucas palavras e descrições.


Essencialmente, nas relações e estruturas do poder no Brasil, pouco mudou em séculos de domínio onde se alternam segmentos das elites nacionais, sejam da remota "nobreza" e as famílias tradicionais, aos grupos políticos em dado momento ligados a "elites" em geral empodrecidas de: ruralistas e proprietários de terras, e sua imensa sanha por se apropriar de grandes extensões de terras públicas, sem grande ônus, e a submeter multidões de pobres a um julgo severo em condições de escravidão ou semi-escravidão (ainda que em contratos assalariados e mal pagos, onde sobram misérias e injustiças, como é comum em muitos rincões do país), com enormes dividas sociais e financeiras, em geral não cobradas pelo Estado; ou por grupos representes de uma burguesia corrupta onde se alternam representantes de segmentos empresariais, comerciais e financeiros, onde em comum está a preocupação de usufruir de benefícios públicos, financiamentos e destinação recursos a fundo perdido, impostos diferenciados,  monopólio de setores e capitais, inversão de investimentos favorecendo castas de ricos, e uma parcela média e subserviente de tecnocratas, políticos, militares, juízes e servidores cada vez mais restritos, e comprometidos apenas com seus interesses e a manutenção de sistema político, de governo, poder e representação, totalmente voltado e permeado pelos seus representantes de pouco escrúpulos e consciência social.

Ao longo da história do Brasil essa tem sido a marca dos que estão no poder, representar interesses próprios e de grupos próximos, elites mesquinhas, concentrando riquezas, ampliando desigualdades e injustiças, impondo força e leis parciais, mantendo estruturas corruptas e corrompidas para se perpetuarem no poder, controlar e resistir a possíveis investidas no sentido de uma ampliação dos benefícios aos demais setores da sociedade, e grupos populacionais que concentram desigualdades sociais e populações injustiçadas ou excluídas das riquezas e estruturas de decisões, governo e poder, como vemos hoje.



Tais estruturas que persistem se apoiam e alimentam mutuamente, para preservar o poder em suas mãos e distante do povo (manobrado e enganado muitas vezes), e tem compromissos recíprocos entre os representantes das elites, os meios e estruturas (como mídias, Congresso, judiciário e militares, por exemplo) com os fins planejados e acordados numa espécie de pacto, sob uma falsa democracia, mantida e voltada também para atender interesses externos de grandes potências, sempre presentes e intervindo aqui. 
Assim funcionam por séculos e manipulam instituições e leis a seu favor, e raros são os momentos em que de alguma forma houve uma flexibilidade, ou certa orientação em prol da sociedade, seja com Getúlio Vargas, para atender interesses do sistema imposto na ocasião, ou no efêmero governo João Goulart, altamente combatido pelos ricos, ou agora na recente era petista, com Lula e Dilma, e a maior distribuição de renda e inclusão social vista num governo de raízes populares, e que pretendia uma suposta conciliação de classes no Brasil, afastando os riscos da crescente degradação social e econômica que assistimos novamente, e pode culminar em deterioração plena e numa indesejada convulsão social iminente.

As malas de Geddel com 51 milhões escondidos em apto em Salvador BA - BBC 

Dinheiro de Geddel ser lícito é "hipotese remota" diz juiz - Veja 08.09

STF libera audios que podem anular delação de Joesley - Exame 06.09

É assim que está dividido o poder e o governo do país, no legislativo grandes proprietários de terras tem ou fazem seus grupos de deputados e senadores, votam e pressionam como lhes interessa, também possuem suas bancadas os banqueiros e sindicatos de industriais, ironicamente, são alguns dos supostos representantes do povo, grandes empresários afortunados, como os senadores Eunicio Oliveira e Tarso Jereissati, ou ruralistas como Ronaldo Caiado,  só para citar alguns, essa mesma representação é vista em outras estruturas, temos por exemplo o banqueiro e empresário Henrique Meireles no comando da Fazenda. Para piorar há ainda muitas questões regionais que transformam o Nordeste e o Norte do Brasil em locais esquecidos, e para onde grandes investimentos só seguem se for para alimentar esquemas de políticos e desvios. 
Some-se a tudo a parcialidade da justiça e das demais instituições públicas, e vemos como estamos fadados ao atraso social e a injustiças, que beneficiam ladrões no poder, é só examinar as apurações e denúncias da Lava Jato, ou as que envolvem Temer, Padilha, Jucá, Geddel e seus 51 milhões, Aécio Neves, Serra, Aluísio Nunes, e outros tantos, os ministros do STF, como Gilmar Mendes, e toda farsa que derrubou Dilma Rousseff, e mantém os demais no poder.

Previsão de rombo do governo sobe de 139 bilhões para 159 bilhões este ano - Uol 15.08

Vemos essa estrutura danosa em ação, nas decisões e políticas do governo Temer e seus associados, beneficiando interesses internacionais e entregando recursos e património a estrangeiros, distribuindo verbas públicas com políticos sem vergonhas que usam para beneficiar patrocinadores em segmentos rurais destrutivos e explorador da miséria no  campo, empresários corruptos e seus esquemas de desvios e enriquecimento, banqueiros e especuladores financeiros que drenam nossas reservas financeiras e impõem juros e taxas que imobilizam o trabalhador e geram extrema pobreza. Também no perdão das dividas bilionarias destes parasitas do país, sonegadores de impostos, e da previdência, os bancos, grandes grupos empresariais, empresas de comunicação e tv's, grandes proprietários de terras e donos de grandes fortunas, constituidas sobre a enorme desigualdade até hoje imposta a maioria dos brasileiros.
Não nos esqueçamos do velho hábito de partilhar a dívida e o ônus da farra que fazem com nosso dinheiro, com os pobres e trabalhadores, através de impostos absurdos, da retirada de recursos destinados a assistência aos pobres, a saúde pública, a educação, a moradias populares, a segurança e ao transporte de massa, privatizando serviços e punindo ainda mais os necessitados. Como fazem agora no Brasil, também com a imposição de reformas como as da legislação trabalhista e da previdência, onde impõem pesados fardos a maioria dos trabalhadores e aposentados, mas poupam e fortalecem os benefícios de políticos, magistrados e membros do judiciário, militares e outras poucas castas, com salários, aposentadorias e benefícios generosos.
A questão em jogo e presente no cenário atual, é portanto a manutenção do poder nas mãos de corruptos e estruturas que dele se beneficiam, e extremamente enraizadas nas instituições e governos, como no atual governo Temer, é manter instrumentos e privilégios para poucos usufruírem, sob a proteção das leis e sistemas parciais. É por isso que Temer ainda está no poder, segundo afirmam Funaro, Joesley ou Cunha, seus ex-ministros gozam de imunidades como Moreira Franco, e tem apoio de políticos como Aécio, ou Fernando Bezerra Coelho e Agripino Maia. Também por isso os TRF's, STJ e STF, TSE e TCU, silenciam ou são vistos e acusados de parciais como o MPF e outras instituições, vez outra mencionados em gravações  como no suposto esquema que envolveria o juiz Moro.
Não se trata de combate a corrupção, de limpeza das instituições e desmantelamento de esquemas nocivos em partidos, governos, instituições públicas e privadas, pessoas, entidades, e suas respectivas punições e cobranças, isso está evidente. Usa-se de mentiras e acusações sem provas contra alguns, premeiam outros por mentir ou esconder as verdades, como está claro nas declarações de Delcídio Amaral, desmascarado, direcionam acusações e julgamentos parciais e ilegais, fazem campanhas midiáticas, suprimem direitos, omitem acusações contra grupos criminosos, ou votam contrariando o povo como tem feito o Congresso, com denúncia contra Temer e nas reformas, e assim protegem interesses de alguns que lucram com o país sem rumo, e com abrupta troca de comando que culminou em rombos nas contas públicas e muitos acusados de desvios, esquemas de corrupção no topo do poder, com o golpe.