domingo, 23 de março de 2014

Triste memória

A memória de muitos é curta, e outros como os jovens de hoje desconhecem os abusos cometidos pelos militares, que adentravam nas casas de cidadãos sequestravam e matavam, torturavam e estupravam inocentes, bastando para isto apenas uma falsa informação ou denúncia ou mesmo o desejo de "um araque de polícia", ou algum outro "puxa saco" dos militares apontarem alguém, que em muitos casos não tinham qualquer relação com a política.


Nós sabemos do que estamos falando, conhecemos de perto tal realidade. Algumas das fotos abaixo são públicas e de desaparecidos "políticos", mas quantos outras não podemos expor, de camponeses e pessoas simples mortas por jagunços, pistoleiros, capatazes e outros assassinos a mando de proprietários de terras e de membros das elites, que se beneficiavam do poder e da proximidade com os militares, da corrupção e do terror pelo estado.



É duro ver elementos promotores de um passado triste serem louvados, o erro no qual capitulou as instituições militares brasileiras nas décadas de 60, 70, e 80, fazem parte de um pedaço da nossa história que não enaltece nem agrega valor a estas instituições, nem trouxeram bem a nossa sociedade.


Não há razões para clamar pela reedição de tais circunstâncias, nem para analfabetos políticos e sociais pedirem a instalação do estado facista e opressor em nosso país, pois em nada devem os políticos, governantes e militares e proeminentes figuras da mídia, do poder ruralista e de alguns setores do empresariado da época, aos corruptos atuais, com o agravante de impor ao povo a força e a violência das instituições, a desigualdade e a marginalização de camadas inteiras da sociedade.

Marcha pela Família em 2014, é no mínimo ridículo e um insulto à todos que foram vítimas da opressão do estado, pelo crime e pela barbárie.



Fotos obtidas no Google Imagens: 








Assassinato do Pe. Henrique - Recife PE


Bomba no Rio Centro





Pau-de-arara, desaparecidos, Herzog assassinado.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Russia e Ucrânia, o que ocorre?


O texto a seguir é parte da publicação disponível no blog: Russia não se deixa ameaçar! - Blog do José Dilson 02.03.2014

Não somos partidários de qualquer que seja a forma de violência, mesmo que em dados momentos torna-se difícil fugir as armadilhas, assim ocorre com as pessoas de uma forma em geral, mas também com nações, e nem sempre se faz o que é melhor, mas o que é preciso!

Quem se ilude, e imagina que os que são senhores do "poder" irão abrir mão facilmente deste, e muito menos agir com lealdade e coerência, o que vemos na Ucrânia é isto, um enorme jogo de interesses e manipulação onde pessoas inocentes estão expostas e em meio a tudo o que ocorre, mas é necessário tecer algumas considerações:







A Europa (Polônia, França, Alemanha e Inglaterra, principalmente) associada aos EUA, acreditavam que fomentando uma revolta na Ucrânia acrescendo apoio a pessoas vinculadas a grupos facistas e neo-nazistas inclusive, poderiam ter uma porta aberta para fazer surgir nas fronteiras da Russia e posteriormente dentro da nação russa algo que a fizesse mergulhar em tensões e problemas internos, e que no futuro evoluísse ao desmantelamento do poder russo.






Para isto líderes europeus, americanos e suas representações como OTAN, fecharam os olhos ao verdadeiro interesse do povo ucraniano, fossem eles contrários ou não aos russos ou ao ocidente. não que o o presidente Viktor Yanukovich fosse algo bom, mas era o líder do país constituído a luz das leis ucranianas.




Em meio a homens de bem e pessoas legítimas nos protestos da Ucrânia havia homens armados e propensos ao mal, e os aparelhos de segurança agiram tão mal quanto os que estimularam o banho de sangue em meio as manifestações.  Estão com as mãos sujas de sangue, o ex-presidente os membros de seu governo e as forças de segurança, assim como seus apoiadores, igualmente estão com as mãos sujas de sangue os líderes revoltosos, e os atuais governantes golpistas (sim foi um golpe, não uma revolução pois parte significativa do povo não concorda) que aliados a políticos e membros do antigo governo impuseram uma deposição forçada ao então presidente, contando com os provocadores armados em protesto, radicais, e os principais líderes da Europa.

Lembrem-se também que a Crimeia é um estado autônomo e seu povo de maioria russa, tem o direito de decidir seus rumos, se nos basearmos nas leis ucranianas e nos recentes acontecimentos, estes poderiam por autodeterminação apelar a Russia e se absterem de aderir a revolta, como o fizeram. 






Manifestantes com a bandeira russa em Simferopol
DAVID MDZINARISHVILI/REUTERS

O que imaginavam, que a Russia ou Putin, assistiria uma tentativa de atingir a Russia e seu poder, de camarote e engolindo a farsa da defesa da democracia e da liberdade ocidental? 

Что представлял, что Россия или Путин будет присутствовать попытку достичь Россию и ее власть, кабина и глотания фарс защиты демократии и Западной свободы?

What imagined that Russia or Putin would attend an attempt to reach Russia and its power, cabin and swallowing the farce of the defense of democracy and Western freedom?

Tropas russas atuam na região da Crimeia, na
Ucrânia (Foto: AFP)



Vejamos porque se trata de uma farsa:

- Foi acertado uma acordo entre o antigo presidente da Ucrânia e lideranças rebeldes com o aval europeu, e previa a condução dos fins dos protestos e desmobilização de todas as partes, inclusive das forças de segurança, juntamente com a retomada da Constituição de 2004 com perda de muitos poderes do presidente, da antecipação de eleições democráticas, e do respeito ao desejo popular mas das liberdade e autonomias das diversas etnias;

- Logo em seguida homens da oposição armados e parlamentares tomam o poder, elegem representantes e governo provisório apenas com aval de rebelados da praça, sem respeitarem a Constituição ou o acordo firmado, e sem aval dos milhões de ucranianos e das minorias russas, que por sinal não foram chamadas ao diálogo ou a representar-se no "novo governo";

- Em seguida jogam toda responsabilidade apenas no ex-presidente, e oportunistas políticos tão ou mais corruptos do que ele, passam a ditar leis e montar governo com o apoio dos europeus, americanos e da OTAN, desejosos de ferrarem os russos, na Ucrânia e em sua pátria natal, aceitando marginais empossados na truculência como legítimos representantes;

- Ainda assim um dos primeiros atos, foi mostrar o quanto estavam dispostos a aliar-se aos europeus e prejudicar os ucranianos da Crimeia e áreas do Sul, revogando a língua oficial destes e atacando seus valores culturais, e ninguém do ocidente bateu o pé em defesa destes, ou será que os russos deveriam fazer vistas grossas ao verdadeiro projeto que se pretendia para a Ucrânia.

Todos os ocidentais e revoltosos da Ucrânia ignoraram os interesses dos ucranianos do Leste e do Sul do país, e passaram por cima das leis ucranianas revertendo-as em seu favor ou ignorando-as.

Os russos fazem hoje algo mais "legítimo" (por estar intimamente ligado pelos povos e pela história, diante da desordem instituída com patrocínio ocidental) do que americanos tentaram fazer em Cuba e fizeram no Panamá e no oriente, lembremos do Iraque e como este se encontra hoje, e eles são os mais legítimos defensores das minorias russas na Ucrânia.  E claro são espertos o suficiente e não são covardes, para permitir que as falsas liberdades do ocidente destruam sua nação e seu povo!  





Все Западная Украина и повстанцы игнорировала интересы украинского Востока и Юга страны, и перешел украинским законам реверсивных их в вашу пользу или игнорируя их.



All Western Ukraine and rebels ignored the interests of the Ukrainian East and South of the country, and passed over the Ukrainian laws reversing them in your favor or ignoring them.

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Entendemos como justas qualquer preocupação real com o bem estar social e físico de um povo, são justas as preocupações com os ucranianos, assim como com os russos residentes na Ucrânia, o que percebemos é que criou-se desde muito uma sensação de supremacia entre as grandes potências mundiais, que agem em prol dos seus interesses passando por cima de leis e tratados internacionais.

Hoje os que bradam contra Russia são os mesmos que no passado, extrapolaram as autorizações concedidas no âmbito da ONU, ou agiram sem estas em determinados momentos, semeando dores e sofrimento ou jogando nações em situações catastróficas, lembremos a intervenção francesa no Mali (justificada ou não), os excessos da OTAN na Líbia e sua atitude além da autorização da ONU resultando num país em ruínas, ou as ações turcas e árabes junto com ocidentais na Síria, ou será que só Assad e aliados tem levado a ruína ao país?

E o Iraque quando os EUA agiram sem qualquer autorização e deixaram o país em ruínas e completamente divido, apenas para beneficiar-se econômica e politicamente na Ásia.  No entanto fechando os olhos ao sofrimento dos palestinos.

Aliás, todas as intervenções citadas no texto e as que não foram, como as ocorridas na África e América do Sul, fomentando golpes e quedas de governo, provocando conflitos e muitas mortes desde a década 60, o que dizer sobre isto.  O G7 se comporta como os efetivos donos do mundo, e acham que podem aplicar aos demais sua vontade e interesses, e se a Russia não tem legitimidade diante da situação qual é a legitimidade que membros do G7 tem de fomentar a separação e ruína internamente a Ucrânia, interferindo desde muito em assuntos internos e na condução do país?

Não nos surpreendamos que a pretexto de uma falsa moral e da defesa de um governo (atual liderança) tão ilegitimo quanto o que oprimia a Ucrânia, aliás formado por muitos ex-governantes suspeitos ou envolvidos igualmente em corrupção, que os donos do mundo venham a exercer pressões em países periféricos e ou em desenvolvimento como o Brasil para apoiar suas "medidas" contra os russos, algo que por si só já é ameaçador e uma enorme ingerência, como as que os EUA costumam fomentar em outros vizinhos como Colômbia (esta passiva as pressões americanas) e Venezuela.

Lembremos que principalmente na Europa, os poderosos vão fazer pressões, desde que não prejudique os esforços para saída da crise e não os impeçam de beneficiar-se das commodities da Russia, deixando ações com perdas para os subdesenvolvidos.

A lição à tomar, é não confiar seus destinos e a defesa de seu povo aos interesses internacionais, e sempre ter alguma margem de resposta mesmo se o desafio é enorme, o Brasil cuide de seus interesses e de sua fronteira, especialmente de seu mar e dos recursos naturais, é hora de ter uma política realmente independente e que seja sustentada na sua autodeterminação, estando preparado para defende-la sempre!