sábado, 20 de junho de 2020

Flexibilização neste momento, sem controle da Covid, Por que?







Mapa de contaminações por Covid19 por estados - obtido em Wikipédia


Uma onda de flexibilização e liberações de atividades, se processa por todo o Brasil, num momento em que não há sinais de controle da crise causada pela Covid19, em parte, pois ela é bem mais ampla, afetada também pela falta de recursos para o combate a pandemia e assistência as instituições e ações em defesa da saúde da população, apoio as populações afetadas e suas necessidades sociais e econômicas, assim como as pequenas empresas e trabalhadores informais, que enfrentam sérias dificuldades financeiras, acarretadas pelas medidas de isolamento social aplicadas até há pouco tempo por muitos estados e municípios, e associadas as incertezas e a crise econômica que se amplificou no governo Bolsonaro, que pouco tem feito pelos cidadãos e para fortalecer a luta contra a Covid19, não possibilitando adequados testes das populações e muito menos a importação ou compra de insumos médicos necessários ao enfrentamento.



O auxílio emergencial concedido graças também a pressão da sociedade, sindicatos e aos congressistas, ainda é claramente insuficiente para atender aos danos causados aos menos providos de meios e recursos, sem fala que apesar de toda publicidade do governo federal, muitos inscritos e possíveis beneficiários, não receberam sequer a primeira parcela dos R$ 600,00 e são milhões de brasileiros em  situações difíceis.
O governo tem atrasado liberações de recursos para as ações de combate a doença, assistência as populações e medidas preventivas, tanto em saúde como para manutenção de estruturas e serviços em áreas interligadas ou afins, também para cobrir despesas de estados e municípios com apoio a economia e as atividades econômicas, inclusive diante de uma situação em que estes estão atuando sem apoio e coordenação federal, perdida em conflitos e ideias e ações questionáveis ou empenhada em gerar problemas adicionais, sejam com declarações desastrosas do presidente Bolsonaro, ou em medidas perigosas como as que possibilitaram a liberação da cloroquina, não recomendada pelas autoridades de saúde e cientistas, num momento delicado e em que o Ministério da  Saúde foi praticamente desmontado pelo presidente e menos de 30% dos recursos financeiros aprovados para uso contra a Covid19, foram liberados em pouco mais de 100 dias da pandemia, com uma enorme carência persistindo e repercutindo nos altos índices de mortes e infecções, e nas economias dos estados.

Além destes aspectos, alguns estados e municípios já tinham problemas sérios, tanto com economia e suas condições financeiras e estruturais, como com os serviços de saúde, de atendimento médico e urgências, ou mesmo de prevenção, que são pressões adicionais e que favorecem a propagação e letalidade da Covid19, deixando as populações  seriamente ameaçadas. Um conjunto de parâmetros e dificuldades que empurram autoridades para decisões de flexibilização e liberação de circulação de populações com mais atividades funcionando, potencializando os riscos aos cidadãos expostos a contaminação pelo vírus e a mortes, que são muitos os casos, ainda mais quando esta flexibilização não é bem coordenada a nível estadual ou nacional, contrárias a muitas orientações médicas nacionais e internacionais, feitas por instituições e pesquisadores e especialistas, num momento onde há dúvidas sobre a estabilização da pandemia e o Brasil já se aproxima dos 50 mil mortos e ultrapassou hum milhão de infectados, dispondo apenas do isolamento como arma mais eficaz contra o vírus, e com as decisões recentes que enfraquecem o dito isolamento social, quando as previsões de alguns órgão apontam para mais de 100 mil mortes até agosto deste anos.





Se olharmos os números divulgados, de ontem para hoje foram mais de 1.200 mortes no Brasil, e até mais de 54 mil infectados, com a baixa testagem isso se torna mais preocupante, alguns especialistas temem que, mesmo que o crescimento do número de mortos não se ampliem, se este permanecer estável por muito tempo, teremos muitas milhares de morte por um período longo por falta de medidas de isolamento eficazes, assim como aumentam as chances de estados que mantinham números reduzidos de casos, se ampliem. Os temores e simulações de avanço da doença já se manifestam como citado, em estados do Sul e Centro Oeste do Brasil, como no Paraná ou Goiás, preocupam, mas também em outras regiões e estados Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Sergipe, ou mesmo São Paulo  e Pernambuco com a doença no interior.

Avanço da Covid-19 em fronteira com o Brasil deixa Uruguai “em alerta” - Veja 15.06

Vemos que o Brasil está em contraste com países mais dificuldades de resistir a crise, em tese, estes estão conduzindo melhor que nós a crise de saúde, é o que vemos por exemplo na Argentina (cerca de 31,6 mil infectados e 842 mortos), Paraguai (1.246 casos e 12 mortos) ou Uruguai (848 casos até 15.06 e 23 mortes), só para citar alguns vizinhos nossos.

Dados obtido no sítio da Fiocruz

Com 1.398 confirmações e 46 mortes, Pernambuco soma 51.118 casos e 4.148 óbitos pela Covid-19 - G1 20.06

Em Pernambuco vemos que 34,4% dos casos ainda ocorrem na capital, onde a redução dos casos foi maior, mas os números da região metropolitana decrescem com mais lentidão e atinge hoje 28,1% dos casos de Covid19 diagnosticados, enquanto nas regiões interioranas os casos mais que duplicaram num forte crescimento de casos de infecção na área que engloba as regiões da Zona da Mata, Agreste e Sertão, onde há mais limitações ao atendimento médico e os números de infectados são entorno de 37,5%. Os dados da FioCruz são de um período até o início do mês (1ª semana de junho), mas são preocupantes diante das decisões do governo estadual e municipais, dada as relações e interligações das regiões, a baixa testagem e a fatos que apontam que em Pernambuco as mortes ainda são elevadas (cerca de 50 diariamente), quando a doença atingiu cerca de 8 % das mortes nacionais com um número desconhecido de subnotificação entre a população, considerando os pernambucanos e brasileiros.

Fica nítido que os riscos que governadores e prefeitos estão impondo a sociedade deve-se aos  fatos citados, num ambiente de insegurança de parcela da sociedade, de desconhecimento da verdadeira extensão da crise de saúde, e no que tange a posição de Bolsonaro  e seu governo, para estes sempre teve prioridade os interesses pessoais político e eleitorais e as pressões de grupos financeiros de extremo corporativismo.

Não  só esses aspectos tem pesado, neste momento governadores e prefeitos estão com uma pauta "nova", atender pressões de grupos econômicos que financiam campanhas políticas de seus aliados, assim como seus interesses pessoais e partidários, por conta do calendário eleitoral e os reflexos sobre a sociedade, em detrimento das implicações, riscos e mortes que podem causar e poderiam ser evitadas mantendo ações de maior incentivo ao isolamento social, com menos atividades liberadas até uma efetiva redução nas infecções.

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