Nosso país parece não ter memória e nem há interesse de alguns em lembrar momentos muito difíceis de nossa história, seja ela muito recente, recente ou de algumas décadas atrás, que tem muito a nos ensinar enquanto povo e nação, e poderia ajudar a sermos mais coerentes, responsáveis, conscientes e fortes.
Há uma necessidade urgente de voltar a abordar momentos muito significativos para os brasileiros, que tudo tem haver com as turbulências políticas, sociais, econômicas e sanitárias, vistas atualmente, num Brasil cheio de contradições e conflitos, ou potenciais conflitos.
Crimes da Ditadura - TV Brasil EBC 26.10.2012
O primeiro momento com total relação com o 31 de março, refere-se a triste página do Golpe de 1964 e o que se sucedeu a ele, inclusive perseguições e divisões na sociedade, ainda que de forma e proporções diferentes, como também hoje na forma de ameaças e riscos a liberdades ou atos concretos contra direitos caros ao povo e aos trabalhadores.
O segundo tem relação com episódios vergonhosos de negação e mortes recentes, relativos a primeira em 2020 e a nova fase da pandemia, com a crise econômica se agravando e a postura de omissão e ataques do governo contra as ações de combate a Covid19, sem uma efetiva intervenção positiva do governo Bolsonaro nos diversos aspectos de socorro e auxílio as populações, sejam com um sério programa de vacinação ou de assistência social e renda, ou com um comportamento mais adequado a gravidade do fato.
Por último e também relacionado aos aspectos da pandemia, precisamos falar sobre a gangorra de medidas que alguns governos estaduais, como o de Pernambuco, promovem com liberações em pleno pico da doença no estado, expondo as populações e causando mortes de muitos com relaxamento de medidas e mais infecções atingindo os mais necessitados, especialmente num período de Páscoa, onde pessoas se aglomeram em estabelecimentos comerciais, como restaurantes e lojas, mesmo em parques, praias e ruas cheias com muitas pessoas não guardando distanciamento e nem usando máscaras de proteção, ignorando o fato de que este mês de março deve bater o recorde de adoecimentos e mortes no Brasil, com indicativos de que estará mais que dobrando os números de junho de 2020.
31 de março de 1964
Assassinato do Pe. Henrique - Recife PE |
51 anos depois! Foco Brasil 31.03.2015
Triste memória - Foco BRASIL 23.03.2014
57 anos se passaram desde a deflagração do golpe militar no Brasil que se estendeu até 1985! O saldo foram muitas mortes e desaparecidos, muito mais concentração de renda e poder na mão de poucos, além de injustiças e parcialidades como as que assistimos hoje, claro numa proporção diferente, no passado mais intensa e despudorada, ou associadas a torturas.
A Lei da Anistia e o esquecimento dos crimes da ditadura militar - DW 17.08.2018
AI-5. O mais duro golpe do regime militar | CPDOC
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade - CPDOC FGV
Antônio Henrique Pereira Neto (padre Henrique) - Memórias da Ditadura
Mortes como a do Pe. Henrique em Recife (aos 28 anos, em 26/05/1969, vítima de torturas cruéis), assistente e amigo pessoal de Dom Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife (fervoroso defensor dos direitos humanos e dos perseguidos pelos militares), crimes atribuídos a forças policiais e ao aparelho de repressão, é um exemplo claro do que estamos falando. Da mesma forma, podemos também atribuir ao assassinato de Marielle Franco (vereadora do Psol) e de seu motorista Anderson, por ex-militares e milicianos (possivelmente associados a motivações políticas e em plena ebulição do cenário pós impeachment e pré-eleitoral no Brasil em 14.03.2018), a efeitos de um "novo" golpe iniciado em 2016.
Os temores com as ameaças proferidas por Bolsonaro e sua horda de apoiadores constantemente dispostos a atacar instituições e a democracia, ou as tempestades políticas e conflitos decorrentes de atos golpistas patrocinados por segmentos da imprensa, judiciário, militares e empresariado, associados a pastores, banqueiros e interesses internacionais, que culminaram com o impeachment fraudulento da presidente Dilma em 2016 e a sucessiva prisão de Lula, mediante fraudes atribuídas a Lava Jato e a articulação de setores citados, resultando numa eleição induzida de um candidato com perfil de fascista, como atribuídas a Jair Bolsonaro, gerando o caos atual, e justificando o medo a partir das intervenções inclusive com abrupta mudança do comando das Forças Armadas, levantam suspeitas de iniciativas em prol de um novo golpe pelo presidente e seus aliados, num suposto autogolpe, que suscitam as memórias tristes e terríveis de 1964 na grande maioria da população, e para alguns poucos a possibilidade de ter o governo que desejam, cruel e implacável com as minorias, ranço saudosista da falta de conhecimento das barbaridades do regime militar, ou simples comprometimento e apreço aos crimes desencadeados pelo Estado após o golpe militar, por meio de torturas ou atos não devidamente tratados e julgados.
Gen. Braga Neto - Imagem do Brasil247 |
Em crise, Exército, Marinha e Aeronáutica esperam novos comandantes - Correio Braziliense 30.03.2021
O ambiente político atual tem muitas semelhanças com os que antecederam o golpe de 1964, e nós queremos evidenciar com auxílio de matérias e reportagens de veículos que estiveram no passado ligados ao golpe, e outros mais independentes. Vejam:
Golpe de 1964 atingiu mais de 6.000 militares com prisões, demissões e mortes - Folha UOL 24.03.2019
O papel dos EUA no Golpe de 1964 - Super Interessante 18.10.2018
Brasil: Comissão da Verdade Expõe Atrocidades da Ditadura - HRW 24.12.2014
Apoio editorial ao golpe de 64 foi um erro - O Globo 13.08.2013
Também,
'Como é fácil impor uma ditadura no Brasil', diz Bolsonaro por duas vezes... - UOL 11.03.2021
O golpe de 2016: a porta para o desastre, por Dilma Rousseff - Brasil de Fato 17.04.2019
General Villas Bôas diz que calculou "intervir" caso STF desse HC a Lula - Conjur 11.11.2018
Vereadora do PSOL, Marielle Franco é morta a tiros na Região Central do Rio - G1 14.03.2018
Governo Bolsonaro e as mais de 300 mil mortes por Covid19
Bolsonaro anuncia auxílio emergencial - Reproduzido do El País |
Tempos difíceis os que vivemos quando o Brasil já atingiu mais de 321 mil mortes, com recordes diários e mortes acima de 3 mil por dia, sem que tenhamos vacinas suficientes ou um programa de vacinação sério, e com a falta de disposição do governo federal para salvar vidas e controlar a pandemia, que agravam sobremaneira as nossas dores e sofrimentos. Ao invés de cuidar da urgência destes dias, o presidente Bolsonaro parece ignorar os mortos e os infectados, a falta de oxigênio em muitas cidades e de medicamentos e kits de entubação, ocorre em decorrência da alta demanda pelo insumo, mas pela falta de atenção e ações do governo, recursos indispensáveis aos hospitais para atendimento dos doentes estão se tornando insuficientes, e o Ministério da Saúde pouco fez ou planejou para evitar, até cancelou compras no ano passado. Há constantes sinais de más intervenções de Bolsonaro e falta de planejamento na saúde, com ministros que se "submetem" a discursos políticos do presidente e não atuam efetivamente contra a pandemia.
Não faz muito tempo denunciamos a aproximação dos números absurdos de 250 mil mortos, agora que caminhamos a passos largos para a terrível marca de 400 mil, e quem sabe até os 500 mil mortos por Covid19, parece-nos que pouco ainda é feito para evitar, basta ver a morosidade de aquisição de imunizantes e conflitos quanto a vacinação da população. Triste! Um país abandonado pelo seu governo. As mortes e o medo empurram a economia para o buraco, principalmente sem perspectiva de controle ou fim breve da pandemia, conjuntamente com uma grave crise de miséria e desemprego, falta de renda e um verdadeiro projeto de nação, com justiça social e respeito a democracia e as instituições.
O atual cenário de saúde e abandono social, é muito parecido com o do início da pandemia em março de 2020, os mesmos erros, omissões e políticas desastrosas, norteiam Bolsonaro e sua sede pelo poder. E o anunciado auxílio emergencial de R$ 150, uma quantia irrisória, mas que custou um enorme sacrifício para professores, profissionais de saúde, policiais e outros servidores, que ficaram 15 anos sem reajustes salariais, é mais um mau exemplo de desgoverno. Vejamos:
Bolsonaro volta a atacar medidas que seguram a propagação da covid - Valor Globo 25.03.2021
Bolsonaro critica governadores que pagam auxílio emergencial Fonte: Economia - iG 12.03.2021
Chegamos ao fundo do poço? Foco BRASIL 07.03.2021
Bolsonaro tentou sabotar combate ao coronavírus, diz Human Rights Watch - Conjur 13.01.2021
E em 2020, foi assim:
A matemática e a lógica da morte pela Covid19 - Foco BRASIL 15.08.2020
Bolsonaro é responsável! Foco BRASIL 05.06.2020
Bolsonaro volta a atacar e fala em ‘guerra’. Governadores reagem - Rede Brasil Atual 14.05.2020
Bolsonaro ataca governadores: 'Excesso não vai curar problema, vai agravar'... - UOL 16.04.2020
Fonte Wikipédia
Por fim, novamente a flexibilização em Pernambuco, em pleno crescimento da pandemia
Flexibilização neste momento, sem controle da Covid, Por que? Foco BRASIL 20.06.2020
Não é a primeira vez que criticamos as medidas de flexibilização das restrições em Pernambuco, de forma mais intensa ocorreu durante o processo eleitoral no final de 2020, quando não havia sinais de controle da pandemia e em vésperas de alguns feriados, ampliando riscos do aumento de caso e nova onda, como agora. Ao que parece o governador Paulo Câmara, apesar de suas declarações, não está sensível ao enorme número de mortos e infectados no estado, mas teria cedido aos interesses do comércio e de empresários que pressionam por suas empresas em detrimento dos mortos e infectados aos montes. No dia de hoje a ocupação de leitos públicos em Pernambuco estava entorno de 96%, e na rede privada era superior a 91%, algo nem um pouco confortável, mas o governador liberou restaurantes, escolas e comércio entre 05 e 25 de abril, o que deve suscitar nova onda de contaminação em breve.
Covid-19: Cresce pressão por mais restrições na Alemanha - DW
Em países "sérios" não é bem assim, Alemanha está a meses com medidas restritivas mais sérias, e a França evolui para um distanciamento mais grave, em outras nações da Europa já se preparam para uma terceira onda da Covid19, inclusive onde medidas de distanciamento, Lockdown e vacinação, já apontam ou permitiram o controle da doença.
No nosso estado, o governo demorou e não atuou efetivamente contra a superlotação nos transportes públicos, e outra vez se deixa levar por pressões segundo fontes que pedem anonimato, que relatam ultimatos de associações de lojistas e empresários de segmentos do comércio, que supostamente exigiram a abertura e flexibilização de regras para o setor (em novas investidas, para além do que já seria público), sob ameaças de demissões em massa e ações com repercussões que teriam ônus político ao governo do PSB. Algo que se assemelha a outras supostas pressões políticas e do referido setor, às vésperas das eleições de 2020, ou antes da quarentena deste mês. Claro, é algo que precisa de confirmação, mas nossas fontes descrevem duras reuniões com tom de cobrança e ameaças contra o governo, que recentemente voltou a ser pressionado. De qualquer forma os números atuais e os gráficos contrariam a afirmação de Paulo Câmara, que alega redução nos números de infectados e da pressão sobre o sistema hospitalar, parece adotar uma estratégia parecida com a do presidente Bolsonaro e do governador do Rio, pelo governo temporário de Claudio Castro, que segundo veículos de comunicação, minimizam números e sugerem uma falsa situação de controle ou conforto no sistema de saúde carioca, relativas as pressões da pandemia sobre as estruturas de saúde e atendimento médico, passando uma ideia errada de controle, uma clara inverdade comum aos demais mencionados.
Hoje,
Dono da Narciso Enxovais critica decreto após loja fechada - PortalPE 19.03.2021
Mesmo com novos leitos, redes pública e privada de Pernambuco estão sob pressão - FolhaPE 01.03.2021
Antes
Hora da fatura, a Covid19 cobra o preço - Foco BRASIL 12.10.2020
Pernambuco volta a registrar alta no número semanal de novos casos de Covid-19 - G1 PE 20.06.2020
Alguns dias atrás presenciamos um senhor idoso, circulando em calçada e num estabelecimento comercial em meio a outras pessoas, no Janga junto ao supermercado AIB em Paulista PE, com um saco plástico (tipo embalagem de supermercado) na cabeça e dois furos a altura dos olhos, caminhando com dificuldades e levando consigo suas compras, chamando a atenção de muitos, mas algo inimaginável e que nos surpreendeu, constrangeu a mim e a quem nos acompanhava ao assistir e também o comportamento de alguns (até sem máscaras) que ignoravam aquela cena, a ponto de nem querermos fazer imagem do fato e lamentarmos não termos máscara para oferecer a ele ou como ajudá-lo naquele instante. O fato é que as compras das celebrações iminentes, já provocam movimentações e filas (até a procura de ovos de chocolate) ainda sob o decreto de quarentena no estado, e breve vai se refletir em nova onda de doentes por Covid19 lotando hospitais, desencadeando tudo de ruim que desejamos ser evitado.