sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A primavera chegou na América do Sul

Sim a primavera chegou!

Chegou para o povo do Equador, que reagiu aos desmandos do seu governo, a interferência dos interesses internacionais, e a opressão que gera miséria e mais injustiças, especialmente contra os indígenas.

O conflito, a luta, os protestos e as demonstrações de uma coragem inesperada, são reações que surgem da desesperança, da exclusão e da miséria que oprime, perde-se os limites e o medo quando se fecham as portas a dignidade, e a possibilidade de uma vida efetiva e plena, onde haja possibilidade de vencer as dores.  Isso faz as pessoas serem fortes, decididas, superarem os medos, e lutarem por dias melhores, ou não se manterem presas a possibilidade de sucumbirem, aos jugos e submissas as ferramentas de controles.

As ruas de Quito e cidades que se levantaram, são jardins, cheios de flores de todas as cores e locais.


Indígenas do Equador - Telesur (obtido no sítio O Cafezinho)





E não demorou para os ventos da Primavera Sul Americana, se espalharem por outros locais e povos.

De forma tão intensa, também em meio a violências e condições sociais precarizadas, parte significativa deste caos social é de responsabilidade de governantes, voltados a políticas de direita, retrógradas, e que retiram direitos das populações e dos trabalhadores, foi assim também que a população no Chile reagiu.


Santiago nos últimos dias, se transformou, e nas ruas surgiram campos de batalhas, inclusive com mortes e tropas do governo atirando, e batendo em cidadãos que protestam contra anos de perdas de direitos, que ocorreram devido as ações concentradoras de renda, por minorias de políticos e elites econômicas, com empobrecimento de segmentos enormes da sociedade, para atender uma agenda internacional de exploração neoliberal, e de grupos de especulação e financeiros, mercados, vigentes como herança das intervenções desde a década de 70, e num novo processo de ataque a soberania e a autodeterminação dos povos latinos, desmontando as bases que suportam o equilíbrio da nação, por modelos imperialistas oriundos principalmente deste tal mercado, e do centro do poder norte americano, com destaque para a influências externas de grupos dos EUA.





No  entanto, esse processo de submissão imposto aos segmentos sociais desprotegidos, abandonados por seus governos, que inclui uma parcela considerável de responsabilidade por medidas de  poderosos locais, não é exclusivo nem decorrente apenas dos americanos,  mas dos interesses de outras associações, instituições, europeias também, que estão presentes como uma rede, com muita força nos rumos políticos, e nos fatores de pressão que fizeram levantar os chilenos, 1 milhão em protesto.



Milhares de manifestantes protestam em Santiago
Santiago do Chile - imagens Pedro Ugarte/AFP (reproduzida Folha/UOL)

O Chile, mas que nunca se tornou um exemplo do modelo neoliberal, um exemplo de exclusão social e como é péssimo viver num país, onde jovens não tem empregos, idosos não tem aposentadorias que lhes permitam viver, o povo pobre não tem serviços de assistência, e tudo se transformou num fracasso e dores.

E no Uruguai?

As vésperas de eleições, e em meio a reformas, o povo do Uruguai também vai as ruas, e mostra que os ventos de reação aos efeitos dos desastres sociais provocados pelo neoliberalismo, e suas reformas tirânicas e mortíferas, em pouco tempo, já rompem fronteiras.


Mas assim como ocorreu na Bolívia, que reelegeu  Evo, profundamente ligado aos movimentos sociais (e indígenas), há a possibilidade de eleição no Uruguai, de um candidato não alinhado com a direita. 

Lembrando que também imersa em crises, a Argentina, se prepara para a derrota do representante do mercado, do neoliberalismo, pois as pesquisas e a insatisfação popular, indicam que Macri será derrotado.




Enquanto no Brasil:





O governo de extrema direita de Bolsonaro, avança no projeto neoliberal que retira direitos da população, gera desemprego, e aumenta a miséria por todas as partes, deixando o Brasil isolado na América do Sul, e ainda longe dos ventos da primavera, que com a retirada de dignidade e condições de vidas dos simples, e parcela significativa da sociedade, certamente não deixará de soprar sobre os brasileiros. Para não falar do sectarismo, do preconceito alimentado contra os que vivem no Nordeste, só para exemplificar outras razões para mudanças necessárias.




Enquanto o governo, com acusações de ilícitos e corrupção sobre si, tenta desviar a atenção dos brasileiros, com elementos pitorescos e posição radicais, retrógradas, e declarações absurdas de autoridades, tanto quanto seus atos repulsivos, e gestos preconceituosos e divisionistas, sua agenda de destruição das bases econômicas, sociais, e políticas, que levam a perda de prestígio internacional, a crises sociais e a perda de credibilidade mesmo entre seus apoiadores iniciais, com todos os males que disso decorrem.






Tudo ocorrendo com algum apoio de elites locais, que com alguns benefícios e muita concentração de riquezas, mais a total cumplicidade do Congresso, evidente em aprovação de mais uma reforma de morte, a Reforma da Previdência, onde trabalhadores e idosos são penalizados, enquanto políticos, juízes e militares recebem privilégios, e estão distantes das maldades da dita reforma. Sem falar do judiciário, como muitos repercutem, distorcendo interpretações constitucionais, mesmo quando o texto não prevê interpretações, de tão claros que são, ferindo cláusulas pétreas (inalteráveis), para sustentar e criar ambientes que favoreçam os poderosos do governo, e os interesses dos privilegiados, com decisões questionáveis e formas de contenção, dos possíveis opositores aos projetos neoliberais, e do governo e seus personagens polêmicos.




Enquanto isso, a disposição do atual governo é algo triste, piora o ambiente físico e o nosso futuro, ao abandonar uma política de redução de impactos ambientais, o controle dos efeitos degradantes de atividades de exploração mineral, de extração de madeira (não só a ilegal), com destruição do sistema de fiscalização e repressão a crimes ambientais, atenuação de regras de controle de agrotóxicos, ou não punição de abusos, dos setores envolvidos. Algo que faz com muito cinismo, e ainda atacando a integridade de quem reage, com acusações caluniosas, como as feitas conta ONGS, e Greenpeace entre elas.


Mas o Brasil não é uma ilha no Sul, e mudanças contra a onda neoliberal, serão inevitáveis, mas quanto tempo isso vai demorar a acontecer, ainda é uma incógnita que será resolvida a medida que a tensão social aumentar, como efeito dos muitos ataques do governo Bolsonaro, como os em curso contra índios, sindicatos, educadores e a educação, além da omissão e abandono ao meio ambiente, que vemos hoje.



Esperamos que algum aspecto de mudança, já tenha início com uma retomada de um conduta mais coerente e responsável, pelos ministros do STF, voltando a corte a zelar pelo texto constitucional, e a agir acima de tudo com Justiça, algo que não ocorre há algum tempo, com atuações políticas e ditas parciais, negando direitos básicos dos cidadãos, e que se consumará enquanto rumo novo, se for revista a determinação de prisão após julgamento em segunda instância, fazendo Justiça segundo a nossa lei maior.

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