quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Pernambuco e Nordeste

Uma ampliação de nossa ação, segmentando o tema para melhor comunicar, e atuar com um perfil e propósito mais aderente aos esforços jornalísticos.


Recife paralisado, um dia de muitos transtornos - 05.12.2019

Mais um dia de muitos transtornos e dificuldades, vias  paralisadas e motoristas e usuários em meio a situações incômodas e de lentidão ou obstrução parcial do tráfego, além de muitos outros aborrecimentos, no mínimo. Mas também, um dia de demonstração de unidade e força, de uma categoria que há muito sofre ataques e com ameaças de demissões e perdas significativas, principalmente com o avanço da tecnologia e dos sistemas de bilhetagem ou pagamento eletrônico, como os cartões do tipo VEM, e os coletivos opcionais, semi-expressos, ou dos BRT's, que dispensam e retiraram postos de trabalho ocupados por trocadores (cobradores de ônibus), gerando insegurança entre muitos pais de família que atuam no sistema de transporte coletivo de passageiros da RMR - Região Metropolitana do Recife. 
As ameaças aos trabalhadores rodoviários não são novas, assim como os problemas que  afetam a população e estão relacionados aos maus  serviços prestados no transporte urbano de passageiros, e causam muitas insatisfações, mesmo relacionadas aos sistemas de pagamentos eletrônicos, como os questionamentos válidos, relativos a prescrição de créditos nos cartões de embarque, alvo de disputa judicial em face de uma indevida apropriação de créditos remanescentes, do interesse do Estado e de empresários dos transportes. Isso para não falar de outros transtornos, como os envolvendo a má qualidade dos serviços, problemas de conservação e conforto da frota, preços das passagens,  muitas outras desvantagens a população, com omissões e descasos de autoridades e gestores dos serviços, para não falar de desinteresses da Grande Recife, administradora dos transportes, nos aspectos que beneficiam os usuários, como afirmam representantes da sociedade, e outros que conhecem os problemas citados.

Rodoviários fazem festa para ‘comemorar’ 2002 assaltos a ônibus - OP9 05.12.2019

Falta de segurança, conforto e agilidade afasta usuário do transporte público - FolhaPE 05.08.2018

Hoje, eram vias paradas e ônibus estacionados em vários trechos das ruas e avenidas do Recife, pessoas caminhando por longas distâncias ou em outros pontos, retidas nos coletivos, aguardando que se movessem em algum momento, transtornos sim, que foram além do que descrevemos, como os atrasos continuados e prolongados por toda manhã, e que atingiram várias linhas que atendem diversas cidades da região.

O protesto dos rodoviários, novamente ameaçados, com interesses mais acentuados de empresários, grupos e consórcios de transportes de passageiros, que querem implantar em novas linhas e coletivos os sistemas de pagamento eletrônico, e demitir mais profissionais, sem garantias de melhorias para a sociedade, e até com mais riscos e inseguranças aos passageiros, indiretamente alvos de bandidos em assaltos a ônibus, e que agora serão o principal alvo dos crimes frequentes ignorados pelas autoridades, que falham ou não dão repostas adequadas, e se preocupam apenas com interesses corporativos. Ainda assim, representa uma ação concreta de uma classe trabalhadora, em defesa de seus direitos, se não é a melhor, ou ainda que haja adesões disfarçadas de paralisação forçada, por medo de retaliações, é a possível, e aponta para as demais categorias e para a sociedade, que ambientes desvantajosos como a condição social e econômica em franca degradação, com perdas de direitos por toda parte e muitos obstáculos a transpor, que é nas ruas e em manifestações reais que se inicia e sustenta uma luta social, ainda que em meio  a conflitos e medos, e riscos outros, e mesmo que o alcance dos protestos sejam limitados, trazem algumas vitórias, como as que percebemos ao ver uma população prejudicada, mas de alguma forma solidária ou compreensiva com os motivos da paralisação dos rodoviários e suas reivindicações,  na tentativa de garantir empregos, como na aparente passividade e tranquilidade apresentada pela maioria dos usuários, e em discretas manifestações de apoio aos que realizavam atos de rua.

Paralisação dos rodoviários em Recife, av. Guararapes


Rua do Sol, com ponte da Conde da Boa Vista - Recife imagens José Dilson

Ônibus parados nesta quinta, rua do Sol, abaixo destaque da fila dupla

Protesto dos rodoviários Recife 05.12.2019 - Foto José Dilson



E para falar da mobilização e capacidade de luta da sociedade, destacamos que a resistência do MST, aliados e apoiadores, destacada na matéria a seguir, surtiu efeito positivo, uma vitória dos campesinos, que asseguraram a suspensão do despejo em Caruaru.



Solidariedade, resistência e muita disposição para luta


Ontem, 14.09.2019, no assentamento Normandia em Caruaru, no Centro de Formação Paulo Freire, o MST, e os assentados da Normandia, juntos com os profissionais da educação e pesquisadores que atuam nas dependências e entorno do Centro, receberam uma grande demonstração de apoio e solidariedade, durante a vigília que se iniciou, e que se pretende levar até a resolução do processo de despejo determinado pela Justiça Federal, de uma forma bastante questionável e criticada por muitas entidades, até mesmo representações do Estado de Pernambuco, que mantém no local atividades de projetos e órgãos públicos, por meio de convênios e serviços, também executados por universidades e outras unidades educacionais.
Para além das ameaças do poder público, de instituições da justiça, o que se viu, foi uma multidão defendendo os trabalhos do Centro de Formação Paulo Freire, os direitos dos assentados do MST, e a dignidade e direitos mais amplos da sociedade, dos movimentos sociais e suas importantes lutas, que o governo Bolsonaro tenta inviabilizar, usando instituições públicas para seus fins ruins, após pesado aparelhamento e uso distorcido, com forte viés ideológico, que faz do povo e seus direitos, inimigos, sem qualquer compromisso social, e sem amparo na verdade e numa justiça imparcial, que merecemos ter.

Homens e mulheres, jovens e adultos de todas as faixas etárias, sindicalistas, pesquisadores, professores e estudantes, artistas, militantes, políticos, trabalhadores rurais e de diversas atividades, seus filhos e familiares, todos juntos pela Normandia, pela continuidade das lutas e das construções, materiais e imateriais, que por meio de muito esforço, ou a custos elevados de muitas vidas, afetadas de muitas formas e intensidades, ocorreram e ocorrem ainda mais. Pelo direito da sociedade de organizar suas ideias, sua cultura, seus direitos, e fazer se realizar concretamente, em grandes obras como as que transformam pessoas e a sociedade, e nos levam a um país mais justo e soberano.

Solidariedade, resistência, mobilização  e novas lutas, em muitas frentes e por muitas razões e objetivos, era o que podíamos constatar na simplicidade e disposição nos rostos e gestos dos anônimos, nas manifestações artísticas e culturais, nas dinâmicas da plenária, nos discurso e atos de pessoas de todas as origens, nas falas de Edilson (do MST), na oração do Frei Aluízio, ou nos discursos como os do Senador Humberto Costa do PT, do dirigente da CUT Fabiano Moura, ou de militantes históricos como Marcelo Santa Cruz.  

O momento também foi de reencontros e confraternizações, de alegria e motivação, num processo rico, formativo, e capaz de reafirmar a unidade de muitos, e muitas forças, ao redor de valores e sonhos que são planejados e construídos por muitas décadas, e que sustentam a disposição dos que se dispõem a militar. Mas é preciso compreender que tamanha resistência, exige alguma estruturação, e em Normandia ajuda e doações para manutenção das atividades, é bem vinda e recebida através da coordenação no local.

Nossa convicção é de uma resistência e efetiva solidariedade, partes de uma luta maior em campos cruciais, como determinação de limites as agressões, ataques e ameaças mesmo a vida e a dignidade humana, ou a natureza e recursos naturais brasileiros, ou que agora recaem sobre educação e suas instituições, sindicatos e trabalhadores, e muitos outros segmentos sociais, de forma aberta e violenta, criminosa até. Um simbolismo enorme tem a vigília, um recado forte e corajoso, uma mostra de que a sociedade (ou parte da parcela mais próxima do povo simples e vitimado pelos poderosos), de que não há como abrir mão de Normandia, e que a defesa é pela democracia, por liberdade, por respeito e tolerância, por direitos básicos e justiça social, pela terra produtiva, pelo trabalho digno, por educação e saúde de qualidade e acessível à todos, por soberania e direito de uso sustentável de nossas riquezas, em prol dos brasileiros, pelo futuro, com a proteção do meio ambiente, e pela vida e sua total integridade.   A defesa do Centro de Formação Paulo Freire uniu e mobilizou todos que lá vão permanecer até a vitória, independente dos rumos do processo, mas também se transforma num símbolo de resistência e luta, algo a ser seguida por muitos movimentos e campos de ações, como vem sendo feito também no acampamento Lula Livre.
 

 Algumas fotos do evento, a vigília em Normandia, que podemos presenciar com satisfação.



Fotos na Normandia -Caruaru, início dos trabalhos - por José Dilson

Fala de Edilson (MST) - explicando o processo - foto José Dilson

Apoios - foto José Dilson

Bancários de Pernambuco na Normandia (Edir, Dilson, Fabiano, Marly) - Foto Clrara




Fotos da recepção aos assentados de outros acampamentos, para vigília - José Dilson

Show musical assentamento Normandia - foto José Dilson

Ato Político no assentamento Normandia do MST - por José Dilson



O centro do Recife em polvorosa      10.07.2019


Em 1 ano, aumenta em quase 2 milhões número de brasileiros em situação de pobreza, diz IBGE - G1 05.12.2018

Av Dantas Barreto na direção da Praça do Diário





Um sinal do agravamento das condições de vida e sociais, podem ser sentido com a ampliação da miséria e a maior incidência de moradores de rua, algo que em Recife, temos visto com maior intensidade, e muito desconforto a sociedade.  

Em Pernambuco, 1,2 milhão de pessoas vivem em extrema pobreza - FolhaPE 06.12.2018 

No centro de SP, lixo, pobreza e falta de ação pública disputam espaço - Folha de São Paulo 26.07.2018 

Sujeira, abandono e pessoas em situações preocupantes como há muito não se via, é cada vez mais claro e presente em nossos centros urbanos, e grandes capitais, como em São Paulo, mas também em nosso  estado e em Recife, com pessoas vivendo sem perspectivas e perambulando pelas ruas, dormindo em marquises, e transformando calçadas e acessos a prédios em dormitórios, "cozinhas" e "banheiros", contribuindo  para situações ainda mais difíceis, e mesmo "ignoradas" pelas instituições e governos, a prejuízo de todas populações e nossas cidades, como dissemos, algo muito real e doloroso em Recife.

Frio é causa provável de ao menos cinco mortes em São Paulo - Estadão 08.07.2019 

Como resultado da crise, na qual há enorme responsabilidade  do Governo Federal, e da administração  Bolsonaro, as estruturas capazes de absorver informais, desempregados (que só aumentam), populações de ruas, idosos e adolescentes em condições de abandono, deficientes, e dependentes, estão muito afetadas e não ajudam a resolver os problemas que desestruturam as cidades, transformando o problema de forma ainda mais grave e aguda.  A situação é tal, que ainda sob efeitos do clima, mortes ocorrem em plena rua.

Saiba o dia da semana e horário com mais assaltos nas ruas do Recife - Ronda JC UOL 09.07.2019 

Pesquisa revela perfil socioeconômico de ambulantes da Conde da Boa Vista - Marco Zero 17.04.2019 
 
No Recife, os sinais são os mesmos, e podemos ver ruas tradicionalmente conhecidas como centros comerciais, como na Rua da Imperatriz, onde cerca de metade dos estabelecimentos estão fechados, e disponíveis para aluguel , mas sem interessados. Nas ruas poucos circulam, muitos camelôs e ambulantes, sujeira, e a violência que se amplia com assaltantes (que agem livremente e descaradamente), também viciados e menores ameaçando  e abordando os que se dispõem a se deslocar pelas ruas cheias de problemas. Para além disso não faltam problemas, com mais pedintes e pobres sem rumo e em todas as esquinas, falhas e dificuldades com meios de transportes e locais de estacionamento, depredações de aparelhos e instalações de utilidade pública, e muitos prédios abandonados com riscos e problemas graves, como em alguns pontos da Av Guararapes ou Dantas Barreto, só para citar alguns.

Ambulantes: abandono e incerteza no Centro - FolhaPE 15.10.2018 

Trabalhador reage a assalto e é esfaqueado no Centro do Recife - JC Online NE10 29.06.2018

Homem é preso em flagrante após assalto no Centro do Recife - TV Jornal NE10 12.06.2018 

Observatório do Recife - Ambulantes 

Centro do Recife (ocupação em marquise) - Foto José Dilson C. de Melo


De fato, Recife está em polvorosa, em muitas partes a ação de marginais em pontos de grande circulação, como paradas de ônibus e BRT's, ou portas de bancos, mesmo nas citadas avenidas, e especialmente na Av. Dantas Barreto desde a Praça do Diário até o Pátio do Carmo, está muito intensa, com agressões, ameaças, roubos e furtos, até de forma violenta e com ameaças a vida, com uso de armas de fogo, arma branca, e intimidações, sem que as câmeras de monitoramento, seguranças e policiais, ponham ordem neste caos.

Caminhar nesta região, é uma aventura, e trás muito risco infelizmente, mesmo a luz do dia, a qualquer hora.

Para piorar esse quadro, para além das problemáticas de cidades como a capital pernambucana, a perspectiva é de ainda mais desemprego e desocupação (pós Reforma Trabalhista), menos investimento público, perda de moradias, menos acesso a educação e assistência a saúde, com a possibilidade de muito mais miséria com a Reforma da Previdência, que aponta para mais abandono e menor renda para os pobres, atingindo em cheio as sociedades, como os recifenses e os pernambucanos, e nos estados do Nordeste.


Centro do Recife, proximidades da Av, Guararapes

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