segunda-feira, 13 de abril de 2020

Covid19: outras faces da pandemia.





Enquanto em todo mundo a palavra de ordem é isolamento social, com as pessoas seja por medo ou cumprindo recomendações da OMS e das autoridades nacionais e locais, seguem evitando deslocamentos desnecessários e aglomerações, em alguns locais tal situações não foram a princípio adotadas, em outros ainda enfrentam uma resistência absurda ao distanciamento recomendado, mesmo que sejam cada vez menos frequentes, tais casos e situações de alto risco.  Contudo, as marcas estão evidentes nos números mundiais de infecção e mortes, com destaques negativos que deixam países que não agiram bem desde o início, em condições que apresentam números expressivos de vítimas, como Itália (mais de 20 mil mortos) e Espanha (mais de 169mil infectados e 17,4 mil mortos), já ultrapassados pelos EUA (com 23 mil mortos e 555 mil infectados), num panorama mundial trágico, com estatísticas que superam 1,9 milhão de infectados com Covid19 e mais de 114 mil mortos, não considerando os casos sem testes e diagnósticos, ao que aparece igualmente enormes.






No Brasil assim como nos EUA de Trump (até certo ponto), conflitos motivados por interesses "pessoais" e políticos do presidente Bolsonaro, tem levado ao enfraquecimento gradativo da adoção do isolamento pelas pessoas, inflando conflitos ideológicos incabíveis e que trazem riscos a população. Não  fossem gestos loucos de grupos ligados ao presidente, como de evangélicos e pastores (que priorizam sua coleta de dízimos em muitas de suas mensagens, mesmo agora), ou de alguns empresários que se escondem atrás de máscaras e em seus carros de luxo, em condomínios fechados e luxuosos iates, mas querem forçar trabalhadores (seus empregados), que são obrigados a se deslocarem em ônibus lotados, ou atuarem em situações de risco significativo de contaminação pelo Covid19, tido como essencial pelos patrões e ricos, que não querem redução de seus ganhos financeiros, pelo isolamento de parte dos trabalhadores brasileiros. Ainda quanto a incoerente base de apoio de Bolsonaro, recentemente gestos como do deputado Osmar Terra, de olho no ministério da saúde e ignorando as recomendações científicas, ou de outros nesta linha de interesses, mais as "omissões" do Aras da PGR (Procuradoria Geral da República), que apesar dos riscos criados pelas atitudes pouco responsáveis e conflituosas do presidente, cuja a gravidade das ações repercutiram internacionalmente, não o denunciou como caberia e ainda "engaveta" diversas denúncias contra ele (de forma controvertida), associada a tentativas do mesmo procurador geral, de enfraquecer decisão do STF e posicionamento dos governadores e prefeitos favoráveis ao distanciamento social, chegando a questionar sem bases científicas os resultados do isolamento em outras nações, talvez sejam os mais evidentes e maiores apoios a postura negacionista de Bolsonaro e sua turma. Algo preocupante no atual estágio da pandemia, quando o Brasil precisa controlar o avanço da propagação, que já causou 1.328 mortes e já infectou 23.430 pessoas (considerando os testes realizados), num mês atípico, onde há mais de 2,2 mil mortos por insuficiência respiratória e parte destes podem ter relação com o surto da Covid19, a esclarecer.



Imagem reproduzida do sítio da RBA - Edi Sousa/Sindsep - Ato do sindicato na Av. Paulsta



Na linha de frente e expostos a maiores riscos, diversos profissionais da saúde enfrentam a crise e a emergência de saúde, sem equipamentos adequados, em jornadas e condições cada vez mais difíceis, com riscos crescentes pela quebra do isolamento, pela saturação e colapso do sistema de saúde, especialmente dos hospitais e unidades das redes públicas de saúde, um fato que justifica os 18  mortos e o crescente número de casos de infecção entre médicos(as), enfermeiros(as), técnicos(as) e outros profissionais da área. Estes merecem todo reconhecimento e respeito por sua dedicação, apesar de todos os riscos de suas atividades.


Outros tantos profissionais de diversas áreas estão atuando na luta contra o Covid19, em serviços considerados essenciais, enfrentando riscos consideráveis, em condições também difíceis, sendo igualmente merecedores de gratidão e reconhecimento, mas infelizmente nem sempre são lembrados.



Agência CEF Abreu e Lima - 04.04.2020 Foto José Dilson


Chamamos a atenção para o que ocorre entre os bancários, atuando em serviços essenciais com condições impróprias para o momento, falta de proteção individual, em situações que envolvem enormes aglomerações, sem organização ou filas que não caberiam as suas atribuições organizar, até por questões de segurança (e ainda sendo cobrado por autoridades insensíveis, que não enxergam a atuação dos bancários), sendo expostos pelas instituições e tendo que atender a metas negociais, agredidos e desrespeitados por clientes e usuários, parte deles agressivos e pressupondo que seus interesses estão acima dos demais e da saúde do profissional bancário, que em dados momentos nem são compreendidos como prestador de serviços essenciais, com quadros de atendimentos nas agências muito reduzidos e demandas de serviços elevadas, sujeitando-se aos riscos de assaltos e fraudes (já comuns e constantes, dentre outros da profissão), agravados com as tensões do momento, muitos destes profissionais se desdobrando para solucionar problemas que governos e instituições transferem para eles, lidando com produtos como cédulas, moedas, cartões, cheques e documentos, contaminados, sujos, sem adequada preparação e atenção.




Tem sido esta a realidade para muitos destes profissionais, cobrados por todos, ignorados em suas necessidades e na dedicação pelo seu trabalho, vítimas como outros profissionais da situação atual, das exigências e também da Covid19, que até o último dia 10.04, segundo divulgado nas mídias e levantamento feito  por nós, já provocou a morte de 7 bancários no Brasil, que igualmente merecem reconhecimentos e nossa gratidão por atuarem em atividade indispensável para todos, pondo em risco suas vidas, como o fizeram os que abaixo relacionamos e morreram em virtude da pandemia.

As mortes de bancários até agora notificadas ocorreram, no ES, BA, RS, RJ, SP, infelizmente, quando a realidade se apresenta de forma mais dura com tantos casos de subnotificação, ou falta de testes.

30.03 funcionário do Banco do Brasil, Edgard dos Santos Pereira, 66 anos, trabalhava na agência Catete - RJ;

02.04 bancária do Santander, funcionária da agência Vila Santander Paulista - SP;

04.04 funcionário da CEF São Mateus-ES, Marcos Antônio Vieira dos Santos, 35 anos;

06.04 Luiz Batista Felipe Filho, 55 anos, CEF, APCEF/BA;

08.04 bancário de Marau - RS, 53 anos;

09.04 Claudinei Pereira da Silva, bancário do Itaú, 55 anos, Assis - SP;

10.04 Paulo Lancelotte, 54 anos, funcionário do Bradesco agência Largo da Penha - RJ.

Nossos pêsames e sinceras homenagens a estes que faleceram, e as suas famílias que sentem suas perdas.  Que a morte destes sirvam de alerta e motivo para um novo  olhar sobre a categoria!


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