segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Eleições de 2016! A direita avança com ausência de votos, mais 40% de nulos e brancos no Brasil.

Sob pressão e hostilizado, Lula diz que não desiste NELSON ALMEIDA/AFP
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP do portal Zero Hora.





O país está mergulhado em problemas sociais e políticos, a mídia faz um papel quase que majoritariamente parcial e de desconstrução de um projeto iniciado nas gestões petistas, cujo o objetivo maior era permitir ascensão social de excluídos e trabalhadores, pais e mães de famílias e um conjunto de pessoas representativos da sociedade brasileira.

A razão é simples, o preço para a redução das desigualdades sociais e avanços de pouco mais de uma década, era muito alto para as elites e conservadores, bem como segmentos econômicos e políticos do Brasil, habituados a serem privilegiados a revelia dos interesses legítimos da maior parcela do povo brasileiro. No projeto petista havia a tendência ao fortalecimento da produção nacional, por meio de um destaque para o capital produtivo do Brasil, contrariando o capital financeiro nacional e internacional e outros grupos do poder, e claro que isso em meio a uma sistema de financiamento de campanhas, eleitoral e político distorcidos, corrompido e aparelhado, ainda vigente mesmo hoje, faria do partido dos trabalhadores um inimigo quase invencível dado o apoio popular, e uma vez que parcelas significativas do PT entrou fortemente em estratégias e esquemas de perpetuação, comuns aos seus adversários do PSDB, DEM, PPS, Solidariedade e aliados até então como PTB, PDT, PP, PR, PMDB e PSB, apenas para citar alguns.


O que significa dizer que mesmo não sendo criador dos esquemas de financiamento e uso de "doações empresariais", nem mesmo sendo o principal expoente, o PT de fato se afastou de sua ideologia e práticas iniciais, sobre muitos aspectos, e para ser derrotado por elites e conservadores, teria que ser alvo de tribunais de excessões, esquemas empresariais e políticos, conspirações segmentadas, e campanhas midiáticas de grandes meios de comunicação, parciais e distorcidas ou mentirosas sobre diversos aspectos, para como alvo de um golpe inclusive perpetrado por instituições públicas também aderentes, ou coparticipantes, e por meio de adulterações legais ser derrotado e totalmente, com o convencimento de parcela significativa da sociedade sobre o mito, "de que todo erro e mal, provém do PT" e este "seria o responsável pela crise econômica e política", gestada em parte e amplificadas pelos patronos de um golpe contra a democracia brasileira,


Em meio a um ambiente como este, com uma verdadeira caça-as-bruxas em curso, um golpe e a forte interferência econômica e de comunicação, jurídica e legal, manipulada e aparelhada é que ocorrem as eleições de 2016, ainda em curso, e cujo o objetivo maior para as elites era varrer do mapa o PT e parar  de vez o projeto do partido para 2018.  Até o momento em meio a shows dignos de um circo, as elites e governos, os políticos e grupos no poder e de influência, tiveram um êxito significativo, com a destruição do governo Dilma e a quebra das bases de apoio político do PT, com afastamento do eleitorado em parcelas significativas não só do PT mas dos aliados defensores de projetos progressistas para a sociedade brasileira. Por enquanto o saldo dos golpistas é favorável ao projeto de quebra da democracia e aos seus interesses, especialmente nas grandes capitais e em São Paulo.



Nisso há ganhos significativos para o PSDB e mais próximos ao seu projeto liberal, inclusive os recén aliados do PSB,  mas nem tanto aos fisiogistas profissionais do PMDB e seus nânicos (em parte, que permaneceu com números pouco acima de 2012), que estão alinhados e agrupados ao governo de Temer, a um preço ainda nem totalmente conhecido.


Mas ainda sem as dimensões reais dos resultados, algumas conclusões sobre a derrota do PT (um risco que já indicávamos aqui em 2012 para o PT, em função de algumas debandadas e projetos de seus aliados de então), que no momento é amplamente destacada pelas mídias de comunicação em geral, centrando-se na eleição de 2016 como uma enorme derrota do PT, e claro de fato significativa, apesar de supervalorizada pelos mesmos.  É preciso no entanto ler as entrelinhas e apurar melhor a tal derrota, ela de fato existe de forma impactante ao PT e as forças de esquerda, mas acima de tudo a um projeto legítimo de transformação do país e das condições de vida e relações sociais do povo brasileiro. Ainda assim esta ainda não representa a aniquilação plena do PT como se pretendia e mesmo do projeto de regresso ao poder em 2018, apesar da supervalorização das forças conservadoras e da mídia, o PT e as forças de esquerda ainda estão no jogo a ser jogado em 2018, mas precisaram de unidade e concentração de forças enorme, e de uma revisão concreta em suas práticas e ações, revestindo-se de nova roupagem (ainda que preservada as ideologias originais) até o pleito em 2018, e claro de muita capacidade de superação e luta, com atenção a eventos vindouros cruciais, e vinculados ao processo político e "de pseudo caça legal" atual e em curso acelerado, onde são usadas as instituições brasileiras de forma anti-democrática e associada a interesses menores, de segmentos sociais, econômicos e políticos por trás da ação golpista.  O PT e a esquerda devem estar atentos a todos movimentos, e fazer acordar os segmentos sociais prejudicados no bojo das mudanças que são impostas por meios ilegítimos, é crucial e possível, ainda oferecer luta e resistência decisiva.


Apesar da derrota o PT, preserva uma força política considerável e importante, e há na vitória dos seus opositores uma questão central e importante, a enorme pulverização ainda assegura uma necessidade de qualquer que seja a força de enfrentamento ao projeto petista e ainda mais da esquerda unida, de realizar conchavos e acordos em bases muitas das quais insustentáveis e passíveis de minar, especialmente se na sua reformulação a esquerda conseguir dialogar melhor com jovens, educadores, trabalhadores e aposentados, o que vai ser decisivo à virada do jogo atual, e a derrotada do projeto golpista resgatando instituições comprometidas com desvios democráticos, para um eixo de maior equilíbrio e normalidade.  A pressão nas ruas será determinante, e a organização ainda que de minorias e poucos segmentos é parte disso, pois a aliança dos golpistas pode ser fragilizada o suficiente para comprometer a continuidade dos atos, resta sabe se a esquerda terá maturidade para isso e claro estrutura mínima para fazê-lo, focando e revisando práticas e ideologias da forma e no tempo necessário, sob risco de perder o time e o apoio já debilitado, vistos nos resultados.

A vitória em SP pelo PSDB, pode ser interpretada de uma outra forma que a imprensa não destaca, é o resultado de uma maior unidade dos conservadores e das elites, num processo eleitoral onde metade dos eleitores se recusou a dar um voto, o que garantiu que um pouco mais de um quarto (25%) do total de eleitores, ou 53% da outra metade que foi as urnas e deu um voto válido, elegê-se Dória representante de Alkimim e dos golpistas.  O que acontecerá ao eleitorado nacional até 2018?




BH: abstenções, brancos e nulos superam votos dos dois candidatos à prefeitura - Isto é 02.10

Em Recife o PT vai ao segundo turno, mas ainda está recuperando-se dos resultados dos  processos internos desde 2011 com a ruptura de então, mesmo unido e agora exposto negativamente na mídia, com algumas de suas representações locais afetadas indevidamente pelos processos nacionais, a esperança de eleição de João Paulo existe, mas as forças aglutinadas contra o PT são muito grandes, ainda que estas não permaneçam unidas a médio prazo, mas serão decisivas em Pernambuco, a tarefa é árdua.  O PT encolheu pela metade no país, e manteve por enquanto Rio Branco no Acre das 256 cidades que obteve êxito em 2016, quando  em 2012 foram mais que 620, 

Os fatos que impactam no resultado atual, ainda não são suficientes consistentes para uma derrota de fato decisiva das forças de esquerda e do PT.  Há uma potencial e possível inércia a ser canalizada, que ainda não se manifestou, inclusive vistas em índices de abstenções e votos nulos na ordem de mais de 40% de todos os votos a ser considerados, e a vitória dos golpistas agora pode ser revertida. O número de eleitores que se recusaram a votar, está sendo pouco considerado na vitória das elites, em parte propositalmente, mas não é certeza de repetição de tais condições em 2018, o recado aos políticos também se dirige as instituições, a descrença generalizada na democracia, nas instituições ou nos políticos, ou numa recusa a apoiar o processo agora em curso no Brasil, e quem em 2018 pode mudar severamente a despeito dos "vitoriosos de agora".

Devemos considerar que parte do PT, migrou para partidos de esquerda aliados ainda em um projeto de país, mesmo fora do PT, parte destes se elegeram e não indicam mudar posições quanto a 2018, só por estarem fora do partido, pois permanecem nas bases atuais  de aliados.

Também não se refletiu nas urnas mais uma vez prognósticos de pesquisas em muitas capitais.  Mais uma prova de que esse instrumento não é tão confiável, e é usado para influenciar muito mais que de fato apurar e projetar resultados, é uma das facetas das distorções eleitorais vigentes, além é claro da manutenção dos esquemas de boca de urna e compra de votos, não evitados nem expurgados. 

Fora estes aspectos, é preciso reforçar que já se esperava redução dos números de representatividade do PT, isso já era previsível dados os ataques ao partido, e mensuráveis mesmo na proposição de candidaturas sem estrutura ou número menores de candidatos pelo partido.  Fruto também de inúmeras deserções ocorridas em face também das práticas internas das lideranças e corrente hegemônica do PT, algo debatido em outros publicações nossas e já histórico internamente ao PT.

É preciso salientar o erro que apontávamos antes mesmo de 2012, quanto as alianças como as do PSB e do PMDB, e que seriam um risco como nós discutimos em outros momentos e publicações inclusive aqui, ainda que a época considerassemos o papel do então governador Eduardo Campos em Pernambuco, que mesmo após a sua morte, assegurou estruturas igualmente ruins e internas ao PSB, que permitiram a legenda com novas alianças com o PSDB e o PMDB ganhar alguma força e resistência até o momento, mas que tende a se fixar a restringir a âmbitos regionais e em dadas regiões, não mantendo o protagonismo nacional crescendo com a mesma força.  É preciso no entanto ressalva as manobras que ainda veremos em favor de manutenção de uma candidatura nacional, atrelada a Marina Silva para 2018, que dará uma sobrevida a esse partido nas referidas eleições.  Mas a tendência é este se conformar a uma nova corrente (já constituída) para fortalecer outros, o PSDB.

Especificamente no caso do PMDB, haverá no entanto uma parcela significativa que tentará dá uma projeção maior ao partido com uma possível candidatura própria, um erro de interpretação dos acontecimentos que culminaram com Temer no poder, alguém que já alertamos em 2012 como um aliado indesejável e fisiologista para o PT, que se fortaleceria ao longo desses anos, O PMDB é uma espécie de frente, e há sobreviventes, como partido e força ideológica não resiste a si mesmo e vai se confrontar internamente, pois os que desejaram se manter o levaram a outra vez após deslizes ser uma força auxiliar de outro e ainda sujeitos a rachas mesmo assim. 2018 não é para o PMDB manchado e visto nacionalmente como um grupo de traidores e corruptos, por parcela significativa, e isso o afeta.

No caso do PSDB, os grupos se rivalizam e disputam internamente, Aécio, Serra, Alkimim, estarão ainda assim envolvidos neste processo e em busca de vaidosos apoios como os de FHC.  Mas eles são representantes de uma direita conservadora ao final, e vão se unir ainda que da forma possível entorno de seus candidato e por força e pressão de atores internos e externos ao partido, aos segmentos e mesmo ao país, sob pena de terem uma ameaça em seus apoios estruturais, que debandariam para apoiar Marina (que ainda não os convence o suficiente para receber ajuda). Apesar dos pesares é muito pouco provável que Serra tenha espaço, e mesmo Aécio pode ser suplantado por Alkimim, que se torna uma força interna cada vez mais forte no PSDB, mas eles vão se enfrentar e isso pode extrapolar ao que já vimos até agora internamente ao partido.


Para Lula e o PT mais que 2016, também para as esquerdas, será o desenrolar de 2017 e o quanto estão dispostos a sacrificar e até onde manter a unidade, que será de fato decisivo, inclusive por representar uma oposição real e considerável aos instrumentos e ferramentas dos golpistas, seja quanto ao poder de estado, seja quanto aos desmontes sociais, legais, trabalhistas, previdenciários, nas estruturas e papel das instituições e políticas públicas, seja quanto aos abusos jurídicos que ferem a democracia e a ameaçam o país, fazendo-o retornar a um papel secundário no âmbito internacional.

A revisão do PT e sua capacidade de se reinventar será determinante, assim como a postura dos seus líderes quanto aos processos até hoje adotados internamente e que diz o que é o PT externamente, se for feita da forma correta e no momento certo o partido ainda pode reverter a queda e ainda sonhar com 2018.  Contudo não pode cometer os mesmos erros, inclusive no enfrentamento as adversidades, inclusive quanto a defesa de Lula e do partido, contra o golpe em curso!

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