segunda-feira, 9 de março de 2020

Três coisas a dizer.

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O momento atual nos remete a três questões, sobre as quais precisamos falar e acrescentar informações.

O mundo sob ameaça do Covid19.

Protecionismo, a ameaça real!

Brasil, à beira de uma convulsão social.


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O mundo sob ameaça do Covid19. 




Na primeira quinzena de fevereiro o vírus se espalha rapidamente numa província industrial da China, e se torna uma nova ameaça global, graças a capacidade de permanecer por muitos dias infectando pessoas sem manifestar sintomas, sua rápida transmissão, possíveis mutações (algumas já confirmadas), e por atingir pessoas mais frágeis, principalmente crianças e idosos, com maior letalidade.




Descontaminação de ambiente em face do Covid19 - reprodução Pleno News

Em meio ao que alguns acreditam ser uma pandemia, sinais do caos econômico e social pelo mundo, pois já atingiu várias nações para além da região onde surgiu, além dos sinais de preocupação da OMS - Organização Mundial de Saúde, gera medo e paralisia em mercados e seguimentos produtivos em todas as partes, em face das precauções exigidas, quarentenas e intervenções dos Estados e governantes, especialmente diante de riscos de descontrole total.


Países como China, Itália, Irã, Coreia do Sul, Japão, apresentam os quadros de propagação mais graves (com números de mortos que superam 3,3 mil pessoas). Mas França, Alemanha, Reino Unido, EUA, mesmo Brasil (apesar de não ter nenhuma morte), também estão junto com mais de 100 países, extremamente preocupados, e em algumas partes, alunos não vão as escolas, trabalhadores não vão ao trabalho, e viagens estão suspensas, e muitos estão em confinamento, seja em suas casas., hotéis e locais de quarentenas, e já há falta de produtos de higiene, medicamentos e de itens de proteção, além de sérios problemas para a produção, comércio e economias. A gravidade dos fatos na Itália com mais de 300 mortos e mais de 7 mil infectados, com medidas que atingem 94 milhões de italianos, dão a proporção..



Muita desinformação ainda existe, também fake news, e falta de transparência, com problemas sendo relatados na China (inicialmente), EUA com uma postura irresponsável de Trump, conflitante com as de outros envolvidos no controle da doença, ou em suspeitas de omissões como no Irã. Contudo a medida que avançam os casos, as pessoas estão sendo mais informadas e preparadas.  As origens não estão bem compreendidas, já houve até divulgação de que a origem do vírus e a contaminação, é fruto de ação militar americana contra China e Irã, tal afirmações ainda não tem sustentação em provas, e a suspeita que procede é que o vírus é um mutação de outro, e que já estaria infectando desde o início do segundo semestre de 2019. A preocupação e postura mais adequada é informar a população sobre cuidados, e procedimentos em caso de suspeita de infecção pelo Covid19, o que tem sido feito por muitos países assim como no Brasil.



No entanto, a ameaça do Novo Coronavírus assusta todos, pois vivemos num mundo despreparado para uma pandemia de magnitude, as relações sociais e contatos estão mais intensos, a rapidez e meios de deslocamento são outro problema, não há fronteiras, num mundo onde só tem prioridade os mercados financeiros e os negócios, a informação não é algo disponível à todos e ainda existe muito fanatismo, e distorções de cunho religiosos, onde há muitos bolsões de pobrezas e desigualdades, que não permite aos governos e populações enfrentarem corretamente a ameaça, que pode ter outros complicadores além dos aspectos sociais, econômicos e políticos, tais como regionalidade e clima, ou grupos de idosos e outros mais expostos a letalidade do vírus, por ser encontrarem menos protegidos socialmente.




Apesar dos riscos e da velocidade com que se espalha, o que restou do SUS e do sistema de saúde "modernizado" nos governos petistas, com mais redes de atendimentos, mais pesquisas e serviços, ainda parece capaz de dar respostas adequadas a ameaça do Covid19, apesar de todo processo de desmonte que vem ocorrendo desde o governo Temer, e se acentua no governo Bolsonaro, sendo uma ameaça ainda maior, não só pela forma que estão ocorrendo os casos no mundo, mas por termos um sistema de saúde e de assistência social, sendo severamente atacado e destruído, sem recursos financeiros e materiais, que estão sendo expropriados pelas políticas desastrosas e o desgoverno de Bolsonaro. A prova de fogo, para o que restou do nossos sistemas, será a chegada do inverno e a propagação dos casos nas regiões mais pobres do Brasil, num quadro que, a tirar pelo ocorrido com a Dengue, estamos em muita desvantagem. Mas rezemos para que o pior não ocorra, e que os governos estaduais, prefeitos e populações pressionem o governo federal, por mais recursos, dinheiro e condições de enfrentar esta pandemia que nos assombra.



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Protecionismo, a ameaça real!






Exportações chinesas voltam a cair, afetadas por guerra comercial com EUA
Foto reprodução do sítio da Isto É - sobre queda nas exportações chinesas

O mundo ainda enfrenta uma grave crise que afeta mercados internacionais, comércio entre países, moedas,  economias, algumas das quais em estágio acelerado de estagnação, com desindustrialização, perdas de emprego e altos índices de desocupação entre suas populações economicamente ativas, com reflexos sociais graves, mais moradores de ruas, mais pobreza e fome, que afetam grupos desprotegidos socialmente. Além de tudo que relatamos, boa parte devido a crises iniciadas com posturas mais protecionistas, de governos como os EUA do Donald Trump, em sua guerra comercial com a China, sem esquecer ataques e sobretaxações de produtos de aliados Europeus, como Alemanha e França, e de opositores como Rússia, Irã, estes últimos, com outras motivações de cunho político e não necessariamente comerciais e econômicos.




A paralisa de mercados e do comércio mundial, que agora está maior, e atinge desempenho das bolsas de valores e o mercado de capitais, de forma ainda mais grave devido aos reflexos da Covid19, como citamos, não se devem só aos medos, as medidas de contenção de saúde ou aos efeitos da propagação do vírus, pois os atores internacionais ainda não tinham superado os efeitos da mencionada guerra comercial China x EUA, e outros conflitos quase que simultâneos, envolviam desvalorização cambial, busca de novas moedas e meios de paridades nas relações de trocas internacionais de produtos e serviços, ferramentas de limitações a importações ou quebra de barreiras comerciais e alfandegárias, que vem enfraquecendo blocos, relações comerciais, até mesmo a atuação de organismos como a OMC - Organização Mundial do Comércio, numa ascensão de políticas protecionistas, num compasso acelerado e que gera graves problemas as economias mundiais, especialmente em países mais vulneráveis e dependentes de exportações de produtos primários, diante de novos desequilíbrios nas suas balanças comerciais, ou em decorrência de alterações drásticas nas taxas cambiais, a ponto de inviabilizar "comércio vantajoso", e mesmo drenar reservas internacionais e lastros de suas moedas, desencadeando outras crises internas igualmente graves.





Em 2007, ao concluir e apresentar nosso TCC - Trabalho de Conclusão de Curso, na UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, abordando o tema do protecionismo e comércio mundial, afeto a geografia econômica, ao resumir e concluir o trabalho, antecipamos que persistiam graves dificuldades relativas ao protecionismo em setores econômicos importante, que identificamos, ainda que a época a imposição de barreiras estavam ocorrendo em escala menor, ou que mudar de fato e significativamente os aspectos protecionistas, exigiriam graves contrapartidas de países menos desenvolvidos, isso falamos a doze anos passados, conforme pode ser visto no texto anexo publicado em PDF, onde também destacamos os  aspectos e problemas com os blocos comerciais, e inerentes as intensificações do comércio na WEB.


Neste contexto a crise financeira brasileira, tem raízes também na postura equivocada do governo brasileiro, sob o comando de Bolsonaro, estamos privilegiando um comércio direto com os EUA de Trump, que sobretaxou produtos brasileiros, exigiu nossa renúncia aos direitos de países em desenvolvimento na OMC, e pouco tem recebido em troca, num comércio que retrocede a venda de produtos primários aos EUA, com baixo valor agregado, e trazendo prejuízos a relações comerciais importantes com China, Irã, outras nações árabes, e sulamericanas. Também foi impostos novos desafios ao Brasil, por retrocessos em sua política de preservação do meio ambiente, negociações que não valorizam a nossa participação em dois importante blocos, o BRICS (com África do Sul, Índia, China e Rússia), e o Mercosul (esquecido pelo Brasil), com impactos diretos na baixa produção industrial, desemprego alto, moeda fraca e economia estagnada, onde só quem atua em especulação financeira e bancos, estão lucrando.








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Brasil, à beira de uma convulsão social.


Convocação de Bolsonaro para protestos irrita Congresso e STF - Correio Braziliense 08.03.2020

Qual a dimensão da crise entre Bolsonaro e o Congresso - Nexo 26.02.2020

Bolsonaro deverá estimular estratégia de conflitos, prevê cientista político - Correio do Povo 21.02.2020

O governo Bolsonaro amplia suas ações irresponsáveis, seja com as recentes declarações, vistas como ataques a democracia, com incentivo a ataques as instituições e demais poderes Judiciário e Legislativo, por meio de protestos programados para o dia 15.03, onde alguns grupos e mesmos aliados do governo defendem bandeiras polêmicas e conflituosas, como o fechamento do STF ou do Congresso. Com reações relativamente tímidas dada a gravidade dos fatos, e que poderiam levar a um processo de impeachment de Bolsonaro, e responsabilização de pessoas, políticos e empresários envolvidos, mesmo na esfera criminal.

Da forma como circulam vídeos e chamamentos, se comprovada a ligação direta de Bolsonaro, o fato se torna muito grave, passível de apuração e processos como defendem muitos juristas renomados. Seria uma espécie de golpe, uma ataque a independência dos poderes, e concentração de poder no executivo de forma irregular e a margem da Constituição, e supostamente com outras instituições, como o Exército, se omitindo de cumprir suas atribuições legais, de zelar pelas leis e pela democracia no Brasil.
Além de conflitos com os poderes e instituições, outros tem sido continuamente estimulados, com opositores, partidos políticos, governos estaduais, segmentos da sociedade, imprensa e parte da população, aumentando as incertezas e riscos, pondo o país numa condição de permanente divisão, e potencial conflitos. Algo condenado por diversos espectros sociais, mas que estimulam excessos, violências, ações criminosas de milicianos, de intolerância, invasões a terras indígenas em episódios violentos e letais, além de outras manifestações de perseguição e ódio a diversas minorias, com resultados dramáticos, destrutivos.

FMI vê gargalos estruturais e cíclicos pesando contra AL em 2020 - Valor 29.01.2020

Ricos e pobres, cada vez mais separados - El País 11.01.2020

Com o agravamento das condições econômicas e sociais, com desemprego em alta, a pobreza, e a destruição dos sistemas de assistência social, e corte de recursos para saúde, educação e assistência básica as populações, com o desmonte dos serviços públicos e piora do ambiente nos grandes centros, e ampliação da violência, estamos sem rumo adequado, caminhando para situações perigosas e com potencial a grandes conflitos, ou convulsões sociais indesejadas para maioria, mas estimuladas por poucos.
As atitudes de enfrentamento com grupos sociais organizados, o desrespeito pelas diferenças e posições contrárias ao pensamento dos que estão no governo federal, os ataques mesmo à governadores de estados, a excessiva postura ideológica e mesmo extremista de alguns membros do governo Bolsonaro, em nada ajudam a reduzir tensões ou pacificar o Brasil, é algo impensável de se ver em quem preside uma nação livre e democrática, e para um povo que busca e precisa de justiça social e desenvolvimento, hoje distantes.


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