quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Eleições 2012 - projeções!

PUBLICADO EM 25.09.2012  (mídias sociais, e distribuição local)

Neste ano estão em curso as eleições municipais em todo o Brasil, e não faltam análises, pesquisas, previsões e toda uma gama de informações, ações e expectativas entorno do processo e dos resultados que se definiram após 07 de outubro, ao menos no maior número de cidades, pois algumas terão segundo turno.

Não pretendemos ser apenas mais um a expor opiniões sobre o processo eleitoral em curso, nem temos a percepção de que detemos o conhecimento e as informações para elaborarmos uma preciosidade de texto e idéia sobre o tema, mas temos a certeza de podermos abordar muito bem dois aspectos importantes e interrelacionados do cenário político eleitoral atual, e que tem haver com a postura e políticas de aliança do PT em algumas capitais e sua relação difícil com aliados novos e antigos.

Chamamos a atenção de todos para estes pontos:

- Os horizontes para o PT em 2012 e 2014;
- Quem são os aliados do PT, a relação com o PMDB e com o PSB;
- A ameaça que vem de Pernambuco.


Os horizontes para o PT em 2012 e 2014

O PT atual já guarda pouca afinidade com o partido que emergiu no cenário político nacional na década de 80, e que conseguia unir intelectuais, políticos de esquerda, cientistas e artistas, estudantes, religiosos, camponeses e representantes dos vários movimentos sociais, sob o comando de um grupo de profissionais de várias áreas, mas principalmente de trabalhadores e sindicalistas.

Hoje o partido não guarda muito do que construiu desde as suas origens, quando ainda sob a marca da ditadura havia  reuniões e encontros realizados em locais de influência ou destinado a ações da Igreja Católica, ou nos locais que foram palco de grandes mobilizações de trabalhadores.

O PT amadureceu e perdeu parte de suas bandeiras ideológicas, caminhou na direção de um profissionalismo polítiico e administrativo que o transformou numa grande máquina eleitoral, e hoje tem sua imagem pública bastante arranhada, caindo na mesmice política vigente no Brasil, muito mais por suas principais lideranças se deixarem envolver pelo fisiologismo de aliados e membros integrantes de ocasião, dentre outros e para não falar das relações corporativas com grandes ícones do cenário econômico, etc., do que propriamente como resultado das transformações sociais que vem ocorrendo desde a sua fundação.

O PT ainda preserva valores importantes e ícones da política nacional, isto lhe dá uma certa força e o torna importante para o Brasil e para muitos segmentos sociais, em parte também pela relativa incapacidade, incompetência e descompromisso com as questões nacionais por parte da oposição política no país.

Tendo por figura central o popular ex-presidente Lula, Luiz Inácio Lula da Silva, figura carismática e identificada com a maior parcela da população brasileira, e o comando do Governo Federal na pessoa da atual presidente Dilma Roussef, o partido apresenta um respeitado potencial eleitoral para as eleições de 2012, amparado principalmente pelas obras sociais e transformações que fizeram o Brasil emergir e projetar-se no cenário internacional, e que pode-se assim dizer tiveram início no Governo Lula, já que até então as mudanças econômicas e as ações dos governos anteriores não repercutiam em ganhos diretos e melhorias da condição de vida do povo brasileiro.

Tais fatos ainda são muito relevantes e importantes no cenário político eleitoral, mas podem não representar uma certeza de sucesso para o PT em seus projetos municipais, por diversas razões, mas destacamos uma certa acomodação do eleitorado, onde os jovens eleitores não conseguem perceber os ganhos efetivos proporcionado pela gestão petistas, por não terem referências das dificuldades anteriores, e por significativo número de eleitores não só desta faixa etária, não conseguirem distinguir bem quais obras e ações em curso e que lhes são benéficas, são frutos dos projetos e da política do PT, atribuindo tais benefíces a "aliados" políticos do PT que conseguem capitalizar tais ações boas e transferir o ônus da gestão (tudo que é negativo e desgastante) para o partido no comando, o PT.

Isto associado a uma série de erros inerentes ou não a democrácia petista, sejam internos ao partido ou não,  e  também quanto a um certo "romantismo" ainda existente na política de alianças e na forma de fazer a montagem das chapas, agravado por centralismo nas decisões relacionadas, e que estão em mãos de expoentes regionais do partido (as estrêlas do PT), devem levar o PT a ter perdas significativas nestas eleições, em especial quando levamos em conta as disputas pelo comando nas principais capitais brasileiras e naquelas importantes cidades onde o partido já havia se firmado no comando do executivo municipal.

Mesmo mantendo significativa força, o PT vai sofrer reveses em capitais de peso, e as eleições de 2012 deixaram um certo gosto de derrota, que trará dificuldades para os projetos de 2014!

- Quem são os aliados do PT, a relação com o PMDB e com o PSB

Não fosse as disputas em Recife e BH por exemplo, até poderíamos supor a continuidade de uma forte aliança entre o PT e o PSB, no entanto o que ocorre nestas capitais é sintomático e aponta para um distanciamento ainda maior em breve com projetos políticos e eleitorais concorrentes.

O PSB será um calo para o PT, dada a ambição e personalismo concentrado num número menor de atores no PSB, que ainda não tem projeto nacional viável mas tenta ocupar os mesmos espaços do PT.

A aliança no momento fortaleceu o PSB em muito, que soube capitalisar os ganhos da estrutura do poder federal, e tem transferido os ônus de ser governo para o PT,  parte deste "sucesso" deve-se a uma visão "digamos romântica" do PT em relação ao PSB que é reforçada por parte do PT paulista e por ações do Lula.

Isto é um problema adicional, pois o PT terá que partir para ofensiva em breve!  É uma questão de manutenção de poder e projeto político a médio prazo.

Com o PMDB a tendência será de reforço nas relações com o PT, esta associação tende a prevalecer por interesses mútuos sendo facilitada pela ausência de sobreposição, por algum tempo, o que não ocorre com o PSB que ainda pode arrastar pequenos partidos da base para sua área de influência.

O PMDB como sempre terá de acomodar todos os grupos e reforçar o Temer! Mas há um preço alto!

PT ainda tem folêgo para no mínimo mais 8 anos na presidência após o término do atual mandato de Dilma, mantida as variáveis atuais.

- A ameaça que vem de Pernambuco:

Muitos subestimam a ambição de Eduardo Campos do PSB de Pernambuco, mas ele tem planos que pode atrapalhar o PT em seus projetos para 2014, não a ponto de inviabiliza-los, mas de enfraquecer o PT.

Em parte isto ocorre por conta de problemas do PT, não regionais, nacionais e de posicionamento em relação ao PSB.

PSB não é aliado, é concorrente!  Em muitas regiões disputa os mesmo eleitores que o PT, e corre por fora como um asarão!

Mas falta a Eduardo a projeção e o cacife para vôos mais altos, portanto deverá apostar numa política de alianças fazendo a nível nacional, o que o PSB de Pernambuco faz muito bem, intervir nos assuntos internos dos partidos aliados tentando obter apoios e espaços obtidos apartir de conflitos fomentados.

Não será surpresa alguma o PSB buscar alianças com grupos ou partidos muito ligados a antiga direita brasileira, como fez Eduardo aliando-se ao maior adversário de seu avô Arraes e do próprio governador de Pernambuco, o senador Jarbas Vasconcelos, crítico ferrenho de Lula.

Por trás da imagem de bom moço alimentada pela publicidade, maquiagem das ações e resultados obtidos a frente do governo, Eduardo, mostra ser um político mais preocupado em ter o poder do que preservar uma linha política!

O PT deve levar a sério esta ameaça, e o enfrentamento passa pela estratégia a adotar antes mesmo de 2014!  Caso contrário o projeto do PT pode ser minado por alguns dos principais aliados!


Achamos por bem publicar a íntegra do texto circulado em outras mídias antes das eleições! No futuro será útil revê-lo!

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