segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Retrospesctiva, um ano muito difícil

Destruição das florestas

Um país onde o ambiente vale muito pouco! Sem cuidados do governo e parcela da sociedade, onde alguns são focados em lucros a qualquer preço, e de forma destrutiva atuam contra os biomas e os povos nativos (importantes para preservação das áreas de florestas), com ataques como não víamos faz muito tempo.


Desmatamento na Amazônia cresce pelo quinto mês consecutivo
Queimadas na Amazônia - Imagem reproduzida do Conexão Planeta




Conflitos sociais e muita luta


Foto José Dilson, acampamento MST Fazenda Normandia

                                 

Povos indígenas, comunidades pobres, acampamento de trabalhadores rurais, trabalhadores urbanos, segmentos sociais atacados e atingidos em seus direitos, vitimas de omissões, violências e agressões muitas.




O continente em chamas




Milhares de manifestantes protestam em Santiago
Santiago do Chile - imagens Pedro Ugarte/AFP (reproduzida Folha/UOL)

As disputas políticas, ideológicas e econômicas, com interferências internacionais, especialmente dos EUA, são a marca de 2019, e conflitos internos põem em chamas as sociedades em muitos países da América Latina, e de forma intensa na Bolívia, Chile, Equador e Venezuela.



O judiciário em evidência







                               Sérgio Moro depõe na CCJ do Senado 
                                            Sergio Moro - Imagem reproduzida do Brasil247


O Brasil vive momentos conflituosos, mesmo em instituições que deveriam ser moderadoras, como o judiciário, e o conflito e a divisão da sociedade, em dados momentos se manifestam em segmentos da justiça, órgãos como o MPF, ou mesmo o STF, estão sobre forte pressão social, e suas ações contestadas.

O caso Lava Jato, e denúncias da Vaza Jato contra o ex-juiz Moro e o procurador Dallagnol, é um caso a parte, e um exemplo de como o judiciário foi "contaminado".



A política em declínio



Bolsonaro e Edir Macedo - Imagem reproduzida do sítio CTB

heleno bolsonaro abin
Heleno Nunes, chefe da Abin, revela que governo Bolsonaro espiona padres e bispos que se preparam para participar de encontro no Vaticano que vai debater situação da Amazônia - imagem Brasil247





As manifestações políticas passaram a ser influenciadas por interesses e atores, no mínimo controversos, e tomam rumos que não são os mais adequados para a democracia, e o Brasil assiste episódios de intolerância, violências e expressões fascistas, com muita turbulência e conflitos sociais. Uma características desse novo período da política brasileira, uma enorme influência do pensamento religioso, com retrocessos em muitos aspectos, manifestados em gestos e decisões políticas.



Corrupção e ilegalidades predominam




Na continuidade de um processo  político, repleto de dúvidas e ilegalidades, que se estabelece pouco antes do Golpe de 2016 contra presidenta Dilma, contra o PT e as forças progressistas, que apoiavam o governo de esquerda, se firmam um conjunto de interesses e organizações político-partidárias, econômicas e sociais, apoiadas em segmentos sociais poderosos, que passam a dominar o cenário brasileiro, com métodos e práticas nem sempre legais, e que geram denúncias de corrupção e outros crimes. 2019, segue o que vimos antes, e foi usado como pretexto para derrubada de Dilma.  


                                    
                                        Reproduzida do The Intercept - sobre Vaza Jato confirmada



O governo Bolsonaro, tragédia e loucura!





Não é fácil, o governo e o próprio presidente Bolsonaro, estão sempre criando um novo foco de conflito, e cada vez mais, declinam os indicadores sociais, especialmente relativos ao desemprego em expansão, ou condições de vida dos pobres, com a miséria se ampliando de forma acelerada.



O caso Lula, uma lição




A prisão de Lula, depois do ataque a democracia com o Impeachment de Dilma, constituiu-se em um grave ato de manipulação legal, de crime contra as liberdades e direitos individuais e contra a Constituição, em 2019, veio novamente a perturbar o cenário após novo julgamento  no STF, sobre a prisão em segunda instância, ainda hoje, alvo  de disputas políticas.


Essa é uma retrospectiva parcial, centrada na nossa atividade informativa, mas não menos interessante e valiosa, que muitas nestes dias.


Feliz 2020!   Será mesmo?  Depende muito de vocês.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Meio ambiente, questão indígena no Brasil e os reflexos no mundo




Em meio a COP 25 Madrid e o fracasso recente do Brasil na questão ambiental, cada vez mais evidente, e não somente pelas queimadas, pelo desmatamento em expansão na Amazônia, pela omissão e falta de iniciativa no controle e no enfrentamento das emergências no litoral nordestino, no que tange a desastre com óleo cru, derramado e por semanas contaminando as praias sem qualquer ação governamental. Mas também pela evidente mudança de orientação na postura do Estado Brasileiro, e suas instituições e ministérios, que geram uma convicção pública, entre brasileiros e estrangeiros, de total abandono da defesa das questões ambientais e correlacionadas, beirando a atitudes criminosas de incentivo a ocupação e exploração de reservas e terras indígenas, áreas de vegetação naturais e de habitação de comunidades de povos ancestrais ou afrodescendentes, que fazem crescer a grilagem, ocupação de terras públicas, ataques e atentados a indígenas, camponeses e ambientalistas, com inúmeros casos de ameaças e assassinatos, mal resolvidos, não evitados ou devidamente investigados, não combatidos pelas autoridades e pelos governos, com o triste agravante de declarações desastrosas, estímulos negativos de autoridades, governantes, como o presidente Bolsonaro ou o ministro Ricardo Salles, figura polêmica e questionável.



E nas questões de fundo, que se acentuaram muito nos governos Temer e Bolsonoro, estão o desejo de um projeto de exploração de recursos naturais, de forma pouco sustentável, ostensiva e intensiva, predatória mesmo, nenhum pouco inclusivo ou socialmente justo, seja com as populações nativas, seja com as futuras gerações e suas necessidades, cada vez menos consideradas, e sob fortes ameaças e riscos, por um projeto de "poucos" privilegiados: ruralistas locais, pecuaristas; mineradoras; serrarias; ou empresários do agro negócio; industrias químicas; especuladores imobiliários; grandes corporações nacionais e internacionais, apoiadas por governos e nações em detrimento de nossos anseios, enquanto povo e sociedade. Algo que está em consonância com outros apoios institucionais, e interesses contrários aos dos brasileiros, mas, amparados e executados por segmentos locais, como militares, judiciário, imprensa, bancos, políticos, e seus "cúmplices" e braços criminosos: grileiros; contrabandistas; invasores; pistoleiros e milícias, que agem sem limites ou pudor, e estão prontos para matar, sempre que desejam.   

Resultado de imagem para indios guajajara
Sepultamento de indígenas vítimas de atentado no MA - Google Imagens


O Brasil deixa de ser protagonista na proteção ambiental, retrocede, agrava conflitos internos e problemas, e se torna um pária internacional, poluidor, que envenena plantas, águas e alimentos, com produtos tóxicos, e se destaca como destruidor do ambiente, dos recursos e das populações nativas.


Há muitas questões envolvidas e interesses, alguns legítimos, e de vários segmentos sociais, mas a linha de ação do governo e dos poderes constituídos, são as piores possíveis, e acarretam graves situações, como as que parecem premiar o crime, a grilagem, e a ocupação violenta de terras indígenas, como no perdão ou anistia dadas aos que conflagraram conflitos, que tomaram terras públicas, áreas de reservas naturais, e quando algumas vezes mataram para isso. Um indulto que está se concretizando por meio da medida provisória de regularização fundiária. Algo impensável, como é proposto pelo governo.

Xingu: o centro do ataque às terras indígenas - Outras Mídias 12.12

Raposa Serra do Sol: como está a Terra Indígena após uma década da histórica decisão do STF - CIMI 22.10

Povos da Raposa Serra do Sol - Foto CIR obtida no CIMI



A este respeito cabe salientar, um processo igualmente  danoso, e que envolvem situações parecidas com as vividas em outros momentos, em algumas situações relacionadas a aspectos vistos em outras disputas por terras, como no episódio da reserva Raposa Serra do Sol em Roraima, ou nas terras dos Guajajara no Maranhão, proximidades da Terra Indígena Cana Brava, e que está em franca evolução, (enquanto exemplo de expulsão gradativa de povos indígenas de suas propriedades),  em curso em áreas da TI Ituna Itatá, entre os municípios de Altamira e Senador José Porfírio no Pará.

Terra indígena mais desmatada da Amazônia tem 94% de área declarada por grileiros no PA, aponta Greenpeace - G1 PA 12.12

Povos isolados têm terras invadidas por grileiros no Pará - Amazônia.ORG 06.12

Desmate em unidades protegidas sobe 84% e supera média de toda a Amazônia - Jornal do Comércio RS 22.11 

Altamira: MPF alerta sobre risco de ataque a indígenas por pistoleiros - Métropoles 27.08

Terra Indígena Ituna/Itatá - TI Socioambiental ORG

Explode desmatamento em terras indígenas na área da Belo Monte - BNC Amazonas 26.09.2018

Empreendimentos que Impactam Terras Indígenas - CIMI 2017

Programa Municípios Verdes Produto 05 Base Local Altamira - Set/2016

No caso da Terra Indígena Ituna Itatá, há um processo de registros de cadastros de áreas rurais (propriedades declaradas, e griladas ilegalmente em área de proteção à cargo da Funai), no CAR - Cadastro Ambiental Rural, que tem tudo haver com a nova MP da regularização fundiária, que poderá implicar em transferir mais de 90% da área total da reserva, para falsos proprietários, grileiros e criminosos, que matam e derrubam árvores, para usarem a área para pastos de gado, e ocuparem grandes extensões, do que deveria ser terra de proteção de índios, inclusive os que não tem contatos com brancos ou outras culturas, e não estão socialmente inseridos.  A área invadida, também sofre influência da Usina de Belo Monte, o que amplifica interesses.  Já em Altamira - PA, há empresas importantes atuando em diversos serviços, dentre eles de consultoria para atendimento de clientes que desejam registro no CAR (que será uma das exigências na norma que o governo Bolsonaro deve editar), e com clientela considerável, em tamanho e importância, numa região de enorme interesses, alguns como já dissemos antes, legítimos. Onde destacam-se algumas empresas e serviços, dentre estas, a  Proterra Engenharia,  inclusive contando com serviços que dispõem de linhas de financiamento de bancos públicos, para projetos ou regularização de áreas.

O mundo parece no entanto, não aceitar o que ocorre no Brasil, mas carece de lideranças e políticas ambientais consistentes e verdadeiras, o que é um enorme problema, pois em meio a grandes jogos de interesses e ações políticas de níveis discutíveis, que geram instabilidades e falta de condições efetivas, para soluções adequadas às enormes dificuldades. Também as sociedades, não encontram ícones capazes de manter as bandeiras necessárias, não da forma que as demandas exigem. Ao ponto da mídia e outros atores, transformarem uma garota, em ativista, em heroína, no caso da Greta (um exagero), sem nenhum demérito ou preconceito, nem qualquer intenção ruim (de provocar e desqualificar), como as que geraram polêmicas recentes, seja com gestos censuráveis de personalidades pouco agradáveis, como o Bolsonaro, ou o Trump, que esquecem os cargos que ocupam, e arrastam para o jogo reprovável da política de dispersão e distração da sociedade, uma jovem ainda sem a experiência para se resguardar deles, apenas para causar, para tirar o foco dos problemas, que de alguma forma, são de responsabilidade destes estranhos "líderes".

Meio Ambiente Bolsonaro volta a chamar Greta Thunberg de '"pirralha" - Terra 11.12

Com todo respeito, aos ativistas e apoiadores da Greta Thunberg, o jogo e as demandas no tabuleiro internacional, estão acima do que ela pode efetivamente fazer, parece haver interesses segmentados na sua ação, o que é um risco impróprio, e no Brasil, sabemos bem como é perigoso atuar em favor da sociedade e de minorias, ou dos alvos como os povos indígenas, o que não quer dizer, que somos contrários as suas posições ou opiniões. Contudo, não cremos ser adequado o que lhes atribuem, e a falta de líderes,  aptos e capazes, fazem da questão, uma incógnita indesejada. Não é um show, é uma guerra!  Não podemos perceber as coisas de forma romântica, e deixar que distrações, ofusquem a questão, tão significativa e urgente para todos.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Pernambuco e Nordeste

Uma ampliação de nossa ação, segmentando o tema para melhor comunicar, e atuar com um perfil e propósito mais aderente aos esforços jornalísticos.


Recife paralisado, um dia de muitos transtornos - 05.12.2019

Mais um dia de muitos transtornos e dificuldades, vias  paralisadas e motoristas e usuários em meio a situações incômodas e de lentidão ou obstrução parcial do tráfego, além de muitos outros aborrecimentos, no mínimo. Mas também, um dia de demonstração de unidade e força, de uma categoria que há muito sofre ataques e com ameaças de demissões e perdas significativas, principalmente com o avanço da tecnologia e dos sistemas de bilhetagem ou pagamento eletrônico, como os cartões do tipo VEM, e os coletivos opcionais, semi-expressos, ou dos BRT's, que dispensam e retiraram postos de trabalho ocupados por trocadores (cobradores de ônibus), gerando insegurança entre muitos pais de família que atuam no sistema de transporte coletivo de passageiros da RMR - Região Metropolitana do Recife. 
As ameaças aos trabalhadores rodoviários não são novas, assim como os problemas que  afetam a população e estão relacionados aos maus  serviços prestados no transporte urbano de passageiros, e causam muitas insatisfações, mesmo relacionadas aos sistemas de pagamentos eletrônicos, como os questionamentos válidos, relativos a prescrição de créditos nos cartões de embarque, alvo de disputa judicial em face de uma indevida apropriação de créditos remanescentes, do interesse do Estado e de empresários dos transportes. Isso para não falar de outros transtornos, como os envolvendo a má qualidade dos serviços, problemas de conservação e conforto da frota, preços das passagens,  muitas outras desvantagens a população, com omissões e descasos de autoridades e gestores dos serviços, para não falar de desinteresses da Grande Recife, administradora dos transportes, nos aspectos que beneficiam os usuários, como afirmam representantes da sociedade, e outros que conhecem os problemas citados.

Rodoviários fazem festa para ‘comemorar’ 2002 assaltos a ônibus - OP9 05.12.2019

Falta de segurança, conforto e agilidade afasta usuário do transporte público - FolhaPE 05.08.2018

Hoje, eram vias paradas e ônibus estacionados em vários trechos das ruas e avenidas do Recife, pessoas caminhando por longas distâncias ou em outros pontos, retidas nos coletivos, aguardando que se movessem em algum momento, transtornos sim, que foram além do que descrevemos, como os atrasos continuados e prolongados por toda manhã, e que atingiram várias linhas que atendem diversas cidades da região.

O protesto dos rodoviários, novamente ameaçados, com interesses mais acentuados de empresários, grupos e consórcios de transportes de passageiros, que querem implantar em novas linhas e coletivos os sistemas de pagamento eletrônico, e demitir mais profissionais, sem garantias de melhorias para a sociedade, e até com mais riscos e inseguranças aos passageiros, indiretamente alvos de bandidos em assaltos a ônibus, e que agora serão o principal alvo dos crimes frequentes ignorados pelas autoridades, que falham ou não dão repostas adequadas, e se preocupam apenas com interesses corporativos. Ainda assim, representa uma ação concreta de uma classe trabalhadora, em defesa de seus direitos, se não é a melhor, ou ainda que haja adesões disfarçadas de paralisação forçada, por medo de retaliações, é a possível, e aponta para as demais categorias e para a sociedade, que ambientes desvantajosos como a condição social e econômica em franca degradação, com perdas de direitos por toda parte e muitos obstáculos a transpor, que é nas ruas e em manifestações reais que se inicia e sustenta uma luta social, ainda que em meio  a conflitos e medos, e riscos outros, e mesmo que o alcance dos protestos sejam limitados, trazem algumas vitórias, como as que percebemos ao ver uma população prejudicada, mas de alguma forma solidária ou compreensiva com os motivos da paralisação dos rodoviários e suas reivindicações,  na tentativa de garantir empregos, como na aparente passividade e tranquilidade apresentada pela maioria dos usuários, e em discretas manifestações de apoio aos que realizavam atos de rua.

Paralisação dos rodoviários em Recife, av. Guararapes


Rua do Sol, com ponte da Conde da Boa Vista - Recife imagens José Dilson

Ônibus parados nesta quinta, rua do Sol, abaixo destaque da fila dupla

Protesto dos rodoviários Recife 05.12.2019 - Foto José Dilson



E para falar da mobilização e capacidade de luta da sociedade, destacamos que a resistência do MST, aliados e apoiadores, destacada na matéria a seguir, surtiu efeito positivo, uma vitória dos campesinos, que asseguraram a suspensão do despejo em Caruaru.



Solidariedade, resistência e muita disposição para luta


Ontem, 14.09.2019, no assentamento Normandia em Caruaru, no Centro de Formação Paulo Freire, o MST, e os assentados da Normandia, juntos com os profissionais da educação e pesquisadores que atuam nas dependências e entorno do Centro, receberam uma grande demonstração de apoio e solidariedade, durante a vigília que se iniciou, e que se pretende levar até a resolução do processo de despejo determinado pela Justiça Federal, de uma forma bastante questionável e criticada por muitas entidades, até mesmo representações do Estado de Pernambuco, que mantém no local atividades de projetos e órgãos públicos, por meio de convênios e serviços, também executados por universidades e outras unidades educacionais.
Para além das ameaças do poder público, de instituições da justiça, o que se viu, foi uma multidão defendendo os trabalhos do Centro de Formação Paulo Freire, os direitos dos assentados do MST, e a dignidade e direitos mais amplos da sociedade, dos movimentos sociais e suas importantes lutas, que o governo Bolsonaro tenta inviabilizar, usando instituições públicas para seus fins ruins, após pesado aparelhamento e uso distorcido, com forte viés ideológico, que faz do povo e seus direitos, inimigos, sem qualquer compromisso social, e sem amparo na verdade e numa justiça imparcial, que merecemos ter.

Homens e mulheres, jovens e adultos de todas as faixas etárias, sindicalistas, pesquisadores, professores e estudantes, artistas, militantes, políticos, trabalhadores rurais e de diversas atividades, seus filhos e familiares, todos juntos pela Normandia, pela continuidade das lutas e das construções, materiais e imateriais, que por meio de muito esforço, ou a custos elevados de muitas vidas, afetadas de muitas formas e intensidades, ocorreram e ocorrem ainda mais. Pelo direito da sociedade de organizar suas ideias, sua cultura, seus direitos, e fazer se realizar concretamente, em grandes obras como as que transformam pessoas e a sociedade, e nos levam a um país mais justo e soberano.

Solidariedade, resistência, mobilização  e novas lutas, em muitas frentes e por muitas razões e objetivos, era o que podíamos constatar na simplicidade e disposição nos rostos e gestos dos anônimos, nas manifestações artísticas e culturais, nas dinâmicas da plenária, nos discurso e atos de pessoas de todas as origens, nas falas de Edilson (do MST), na oração do Frei Aluízio, ou nos discursos como os do Senador Humberto Costa do PT, do dirigente da CUT Fabiano Moura, ou de militantes históricos como Marcelo Santa Cruz.  

O momento também foi de reencontros e confraternizações, de alegria e motivação, num processo rico, formativo, e capaz de reafirmar a unidade de muitos, e muitas forças, ao redor de valores e sonhos que são planejados e construídos por muitas décadas, e que sustentam a disposição dos que se dispõem a militar. Mas é preciso compreender que tamanha resistência, exige alguma estruturação, e em Normandia ajuda e doações para manutenção das atividades, é bem vinda e recebida através da coordenação no local.

Nossa convicção é de uma resistência e efetiva solidariedade, partes de uma luta maior em campos cruciais, como determinação de limites as agressões, ataques e ameaças mesmo a vida e a dignidade humana, ou a natureza e recursos naturais brasileiros, ou que agora recaem sobre educação e suas instituições, sindicatos e trabalhadores, e muitos outros segmentos sociais, de forma aberta e violenta, criminosa até. Um simbolismo enorme tem a vigília, um recado forte e corajoso, uma mostra de que a sociedade (ou parte da parcela mais próxima do povo simples e vitimado pelos poderosos), de que não há como abrir mão de Normandia, e que a defesa é pela democracia, por liberdade, por respeito e tolerância, por direitos básicos e justiça social, pela terra produtiva, pelo trabalho digno, por educação e saúde de qualidade e acessível à todos, por soberania e direito de uso sustentável de nossas riquezas, em prol dos brasileiros, pelo futuro, com a proteção do meio ambiente, e pela vida e sua total integridade.   A defesa do Centro de Formação Paulo Freire uniu e mobilizou todos que lá vão permanecer até a vitória, independente dos rumos do processo, mas também se transforma num símbolo de resistência e luta, algo a ser seguida por muitos movimentos e campos de ações, como vem sendo feito também no acampamento Lula Livre.
 

 Algumas fotos do evento, a vigília em Normandia, que podemos presenciar com satisfação.



Fotos na Normandia -Caruaru, início dos trabalhos - por José Dilson

Fala de Edilson (MST) - explicando o processo - foto José Dilson

Apoios - foto José Dilson

Bancários de Pernambuco na Normandia (Edir, Dilson, Fabiano, Marly) - Foto Clrara




Fotos da recepção aos assentados de outros acampamentos, para vigília - José Dilson

Show musical assentamento Normandia - foto José Dilson

Ato Político no assentamento Normandia do MST - por José Dilson



O centro do Recife em polvorosa      10.07.2019


Em 1 ano, aumenta em quase 2 milhões número de brasileiros em situação de pobreza, diz IBGE - G1 05.12.2018

Av Dantas Barreto na direção da Praça do Diário





Um sinal do agravamento das condições de vida e sociais, podem ser sentido com a ampliação da miséria e a maior incidência de moradores de rua, algo que em Recife, temos visto com maior intensidade, e muito desconforto a sociedade.  

Em Pernambuco, 1,2 milhão de pessoas vivem em extrema pobreza - FolhaPE 06.12.2018 

No centro de SP, lixo, pobreza e falta de ação pública disputam espaço - Folha de São Paulo 26.07.2018 

Sujeira, abandono e pessoas em situações preocupantes como há muito não se via, é cada vez mais claro e presente em nossos centros urbanos, e grandes capitais, como em São Paulo, mas também em nosso  estado e em Recife, com pessoas vivendo sem perspectivas e perambulando pelas ruas, dormindo em marquises, e transformando calçadas e acessos a prédios em dormitórios, "cozinhas" e "banheiros", contribuindo  para situações ainda mais difíceis, e mesmo "ignoradas" pelas instituições e governos, a prejuízo de todas populações e nossas cidades, como dissemos, algo muito real e doloroso em Recife.

Frio é causa provável de ao menos cinco mortes em São Paulo - Estadão 08.07.2019 

Como resultado da crise, na qual há enorme responsabilidade  do Governo Federal, e da administração  Bolsonaro, as estruturas capazes de absorver informais, desempregados (que só aumentam), populações de ruas, idosos e adolescentes em condições de abandono, deficientes, e dependentes, estão muito afetadas e não ajudam a resolver os problemas que desestruturam as cidades, transformando o problema de forma ainda mais grave e aguda.  A situação é tal, que ainda sob efeitos do clima, mortes ocorrem em plena rua.

Saiba o dia da semana e horário com mais assaltos nas ruas do Recife - Ronda JC UOL 09.07.2019 

Pesquisa revela perfil socioeconômico de ambulantes da Conde da Boa Vista - Marco Zero 17.04.2019 
 
No Recife, os sinais são os mesmos, e podemos ver ruas tradicionalmente conhecidas como centros comerciais, como na Rua da Imperatriz, onde cerca de metade dos estabelecimentos estão fechados, e disponíveis para aluguel , mas sem interessados. Nas ruas poucos circulam, muitos camelôs e ambulantes, sujeira, e a violência que se amplia com assaltantes (que agem livremente e descaradamente), também viciados e menores ameaçando  e abordando os que se dispõem a se deslocar pelas ruas cheias de problemas. Para além disso não faltam problemas, com mais pedintes e pobres sem rumo e em todas as esquinas, falhas e dificuldades com meios de transportes e locais de estacionamento, depredações de aparelhos e instalações de utilidade pública, e muitos prédios abandonados com riscos e problemas graves, como em alguns pontos da Av Guararapes ou Dantas Barreto, só para citar alguns.

Ambulantes: abandono e incerteza no Centro - FolhaPE 15.10.2018 

Trabalhador reage a assalto e é esfaqueado no Centro do Recife - JC Online NE10 29.06.2018

Homem é preso em flagrante após assalto no Centro do Recife - TV Jornal NE10 12.06.2018 

Observatório do Recife - Ambulantes 

Centro do Recife (ocupação em marquise) - Foto José Dilson C. de Melo


De fato, Recife está em polvorosa, em muitas partes a ação de marginais em pontos de grande circulação, como paradas de ônibus e BRT's, ou portas de bancos, mesmo nas citadas avenidas, e especialmente na Av. Dantas Barreto desde a Praça do Diário até o Pátio do Carmo, está muito intensa, com agressões, ameaças, roubos e furtos, até de forma violenta e com ameaças a vida, com uso de armas de fogo, arma branca, e intimidações, sem que as câmeras de monitoramento, seguranças e policiais, ponham ordem neste caos.

Caminhar nesta região, é uma aventura, e trás muito risco infelizmente, mesmo a luz do dia, a qualquer hora.

Para piorar esse quadro, para além das problemáticas de cidades como a capital pernambucana, a perspectiva é de ainda mais desemprego e desocupação (pós Reforma Trabalhista), menos investimento público, perda de moradias, menos acesso a educação e assistência a saúde, com a possibilidade de muito mais miséria com a Reforma da Previdência, que aponta para mais abandono e menor renda para os pobres, atingindo em cheio as sociedades, como os recifenses e os pernambucanos, e nos estados do Nordeste.


Centro do Recife, proximidades da Av, Guararapes

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Uma imprensa livre, uma nação melhor, onde os direitos do povo são respeitados

Uma imprensa livre, uma nação melhor, onde os direitos do povo são respeitados.

Longe de ser apenas uma frase de efeito, deveria ser um valor um princípio a seguir, pela sociedade, pelas organizações, instituições e governos. 
Também pelos atores que fazem as mídias e a imprensa, sejam jornalistas, colunistas, editores ou donos dos veículos de comunicação, respeitando seus compromissos enquanto profissionais, e responsáveis por uma informação e comunicação, que deve ser pautada na ética e na verdade, no direito do cidadão e no respeito que se deve ter, para não ser a imprensa e as midias, meros instrumentos de manutenção e perpetuação do poder nas mãos de poucos, seus interesses políticos e economicos, e de grupos e governos, para uso e divulgação de informações inviesadas, distorcidas, e manipulações que só servem para prejudicar o povo, e seus direitos e interesses, inclusive de ter a informação correta, e de forma imparcial e justa.

TRF4 peita supremo - Brasil247 27.11

E em tempos, onde a justiça parece ter decisões encenadas como numa peça de teatro, onde juízes, desembargadores e ministro, fazem de seus pronunciamentos uma espécie de show, e suas sentenças e votos, verdadeiras aberrações jurídicas que ferem de morte a correta percepção de Justiça, nada mas oportuno, que defender liberdades, verdade e uma imprensa, atuante, livre, e comprometida com princípios éticos e verdadeiros. 
Para não falar, que se constitui numa ferramenta essencial contra aventuras totalitárias, que possam interessar a maus governantes, políticos, militares e poderosos sem escrúpulos, que insistem em ameaçar a democracia, opositores, parte da imprensa, e silenciar e amedrontar o povo, propondo inclusive por Exército contra quem se manifesta em defesa de seus direitos, com o agravante de não serem cobrados por excessos e crimes, e para tanto tentam reviver ferramentas opressoras do período da ditadura, inclusive o AI5, Ato Institucional número 5, que rasgou a Constituição e deu poderes ilimitados aos perversos mandatários e governantes, que desde 1964, jogaram o Brasil nas trevas do totalitarismo, com crimes, assassinatos e torturas pelos aparelhos do Estado, para não falar de outras atrocidades e injustiças cometidas, que agora aliados e ministros do governo Bolsonaro vem defender e tentar reviver. O Brasil não pode permitir, nem silenciar diante de tais abusos e absurdos, ainda que as instituições deixem a desejar em seus papéis.

Diante de tudo o que vem ocorrendo, e para garantir um espaço de contestação e denuncia de abusos inimagináveis, decidimos reproduzir um texto atribuído, ou do Lula, que bem representa o que tentamos expor, e evitar que se mantenha nas posturas e condução dos trabalhos de divulgação e informação, que cabe aos jornalistas e meios de imprensa, que estão associados a manipulação das informações, omissões e cerseamento da verdade, até mesmo selicionando o que são notícias, que tem direito a falar, fazer ou receber informação. Segue o texto divulgado em veículos e mídias alternativas.


Lula - imagem de arquivo 


E LULA FEZ A AUTOCRÍTICA. SATISFEITOS?

"Embora tantos tenham cometido erros antes e depois dos nossos governos, é somente do PT que exigem a autocrítica que fazemos todos os dias. Na verdade, querem de nós um humilhante ato de contrição, como se tivéssemos de pedir perdão por continuar existindo no coração do povo brasileiro, apesar de tudo que fizeram para nos destruir.  Preciso dizer algumas verdades sobre isso.

O maior erro que nós cometemos foi não ter feito mais e melhor, de uma forma tão contundente que jamais fosse possível esse país voltar a ser governado contra o povo, contra os interesses nacionais, contra a liberdade e a democracia, como está sendo hoje.

Deveríamos ter feito mais universidades do que fizemos, mais reforma agrária, mais Luz Pra Todos, mais Minha Casa Minha Vida, mais Bolsa Família e mais investimento público.

Teríamos de ter conversado muito mais com o povo e com os trabalhadores, conversado mais com os jovens que não viveram o tempo em que o Brasil era governado para poucos e não para todos.

Também tínhamos de ter trabalhado muito mais para democratizar o acesso à informação e aos meios de comunicação, apoiado mais as rádios comunitárias, fortalecido mais a televisão pública, a imprensa regional, o jornalismo independente na internet.

Antes que a Rede Globo me acuse outra vez pelo que não disse nem fiz, não ousem me comparar ao presidente que eles escolheram. Jamais ameacei e jamais ameaçaria cassar arbitrariamente uma concessão de TV, mesmo sendo atacado sem direito de resposta e censurado como sou pelo jornalismo da Globo.

Eu sempre disse que jamais teria chegado onde cheguei se não tivesse lutado pela liberdade de imprensa. Hoje entendo, com muita convicção, que liberdade de imprensa tem de ser um direito de todos, não pode ser privilégio de alguns.

Não pode um grupo familiar decidir sozinho o que é notícia e o que não é, com base unicamente em seus interesses políticos e econômicos.

Entendo que democratizar a comunicação não é fechar uma TV, é abrir muitas. É fazer a regulação constitucional que está parada há 31 anos, à espera de um momento de coragem do Congresso Nacional. É fazer cumprir a lei do direito de resposta. E é principalmente abrir mais escolas e universidades, levar mais informação e consciência para que as pessoas se libertem do monopólio.

Enfim, penso que teríamos de ter lutado com mais vontade e organização, fortalecido ainda mais a democracia, para jamais permitir que o Brasil voltasse a ter um governo de destruição e de exclusão social como voltou a ter desde o golpe de 2016.

A autocrítica que o Brasil espera é a dos que apoiaram, nos últimos três anos, a implantação do projeto neoliberal que não deu certo em lugar nenhum do mundo, que vai destruir a previdência pública e que ao invés de gerar os empregos que o povo precisa está implantando novas formas de exploração.

A autocrítica que a democracia e o estado de direito esperam é daqueles que, na mídia, no Congresso, em setores do Judiciário e do Ministério Público, promoveram, em nome da ética, a maior farsa judicial que este país já assistiu.

O mundo hoje sabe que, ao contrário de combater a impunidade e a corrupção, a Lava Jato corrompeu-se e corrompeu o processo eleitoral e uma parte do sistema judicial brasileiro. Deixou impunes dezenas de criminosos confessos que Sérgio Moro perdoou e que continuam muito ricos.

Como podem dizer que combateram a impunidade se soltaram pelo menos 130 dos 159 réus que ele mesmo havia condenado? Negociaram todo tipo de benefício com criminosos confessos, venderam até o perdão de pena que a lei não prevê, em troca de qualquer palavra que servisse para prejudicar o Lula.

Que ética é essa que condena 2 milhões de trabalhadores, sem apelação, destruindo empresas para salvar os patrões acusados de corrupção?

Não tem moral, não tem autoridade para discutir ética quem deu cobertura aos procuradores de Deltan Dallagnol e Rodrigo Janot quando eles entregaram a Petrobrás aos tribunais dos Estados Unidos, um crime de lesa-pátria que já custou quase 5 bilhões de dólares ao povo brasileiro.

Temos muito o que falar sobre ética, sobre combate à corrupção e à impunidade. Mas acima de tudo temos que falar a verdade."

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Brasil, ainda há esperança

Em meio a tantos exemplos ruins, e temores sérios quanto ao futuro do Brasil, seja por questões políticas e as muitas e diversas ameaças de conflitos relacionados a posições extremas, a um retrocesso democrático em curso, com radicalismo e um viés autoritário (visíveis em ações como pronunciamentos, do general Vilas Boas, do presidente e seus filhos, do general Heleno e outros), um risco cada vez maior e amplificado, seja pela degradação das condições sociais, os rumos incertos da economia e das finanças, mas principalmente pela contaminação ideológica das instituições e do judiciário, com polarizações nocivas, e segmentos que agem muitas vezes a margem da Lei,  na direção da sustentação de grupos de poder, que concentram renda e riquezas , que junto com processos de reformas intensas e sem limites adequados, que degradam as condições de vida de boa parte da sociedade, e junto a outras formas de violências e retiradas de direitos, criam um coquetel tóxico e destrutivo que atingem a sociedade e provocam incertezas enormes, como uma bomba prestes a explodir, e causar graves e grande destruição ou perdas.

URGENTE: General Villas Bôas faz ameaça após decisão do STF que pode libertar Lula - Revista Forum 07.11

Pacote de Guedes sem proteção a mais pobres provoca resistência até em liberais do Congresso - El País 07.11

Jornalista Augusto Nunes agride Glenn Greenwald, que revida; assista - Folha UOL 07.11

Frota sugere que Bolsonaro dificulta apurações da CPMI das Fake News - Brasil247 06.11

Caso Marielle, um teste definitivo para Moro - El País 05.11

Brasil perde R$ 1,3 trilhão com megaleilão do pré-sal, nesta quarta-feira - RBA 05.11

Eduardo Bolsonaro pode ser cassado por fala sobre AI-5? Entenda o que acontece agora - BBC 31.10

Kakay se diz perplexo com insulto de Dallagnol ao decano do STF - Brasil247 25.10


Surge então alguns novos sinais de esperanças, vindo de onde antes ocorreram muitos fatos que contribuíram para o estágio  de insatisfação, e constante beligerância por parte de representações da sociedade, mas que afetam todos, seja pelas ações ativas ou por omissões criminosas (não exclusivas desta instituição), mas que dado seu papel e importância, fazem muita diferença, e nos referimos ao STF, com suas falhas e faltas, ao atuar numa perspectiva guiada por uma ativismo político que trouxe insegurança, injustiças, sérias disputas, e ajudou a ressurgir pretensos movimentos extremista, e bases de sustentação de um governo, confuso, problemático, e cheio de sinais antidemocráticos e de incentivo a conflitos e violências, de todas as formas, e que se tornam banais, como as que assistimos em episódios diversos, mesmo as agressões ao jornalista americano do The Intercept, Glenn, e sua família, só para ilustrar.  A mudança parece vir de alguma percepção dos riscos sociais em curso, e com a ampliação de gestos e pensamentos totalitários, cada vez mais intensos e presentes, envolvendo e ou estimulados por destacados representantes do governo Bolsonaro, sem que isso minimize outros graves aspectos como os descaminhos e distorções do judiciário, envolvendo personagens da Lava Jato, também promotores, juízes, ministros do STF, membros de governos, militares e das forças de seguranças, políticos e segmentos econômicos, de comunicação, ou de estruturas e origens externas ao país.
Ela se dá em uma retomada do papel que cabe ao STF, enquanto garantidor das Leis, moderador entre os poderes, e base de sustentação da democracia, como guardião da justiça, e do conjunto de regras que edificam a sociedade na direção da paz, do desenvolvimento, do equilíbrio de ações, direitos e obrigações, como tem ocorrido em algumas recentes decisões, e hoje dia 07 de novembro, ao reafirmar princípios da Constituição, direitos fundamentais, e de forma autônoma,  "distante de polêmicas" que a instituição ajudou a se formar e manter, ao ponto de ameaçar e tirar credibilidade do STF e outras instituições (até bem pouco), e que de tal forma se degradou, que decisões como as relacionadas a revogação de entendimento anterior, sobre prisão dos réus condenados após decisão de 2ª instância, se transformar em um início de uma retomada de posições em prol da Constituição, necessárias e urgentes, para paralisar movimentos totalitaristas em  curso, para restabelecer o papel do Estado (enquanto instrumento de proteção do cidadão), e para sinalizar a disposição de reafirmar nosso sistema legal,  o sentido do judiciário e do próprio STF, que ainda carece de muitas outras ações como as decorrentes das decisões de hoje.

STF expõe conluio entre Dallagnol e Carvalhosa para abocanhar comissão de R$1,3 bi - DCM 07.11

Fux surpreende e permite que Dallagnol seja julgado no CNMP por ataques ao STF - Revista Forum 06.11 

As decisões que elogiamos fortalecem a percepção do valor da Constituição, são ainda insuficientes para redimir o STF, podem até manter um certo tensionamento que vem ocorrendo, e está longe de apresentar uma melhor imagem das instituições brasileiras e nossa sociedade, ainda mais diante de um governo desastroso, especialmente em suas orientações, e pronunciamentos dos protagonistas do atual governo, mas representam alguma esperança num futuro melhor, e que há méritos em insistir e fazer o bom combate, leal e verdadeiro, por um Brasil melhor, contra injustiças, violências, e por nosso povo.

E para não deixar de contextualizar, não é algo restrito a liberdade do ex-presidente Lula, mas a todos e para nosso futuro enquanto nação, mas no momento, de certa forma o conjunto de ataques e perseguições a este homem emblemático, que simboliza e representa muito do que é necessário enfrentar e corrigir, para um Brasil grande e vencedor se firmar, vencedor como neste momento de reafirmação de direitos dos cidadãos e da nossa Constituição.

Lula aguarda STF e já faz plano de caravanas pelo país caso deixe a prisão neste ano - Folha UOL 20.10 

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

A primavera chegou na América do Sul

Sim a primavera chegou!

Chegou para o povo do Equador, que reagiu aos desmandos do seu governo, a interferência dos interesses internacionais, e a opressão que gera miséria e mais injustiças, especialmente contra os indígenas.

O conflito, a luta, os protestos e as demonstrações de uma coragem inesperada, são reações que surgem da desesperança, da exclusão e da miséria que oprime, perde-se os limites e o medo quando se fecham as portas a dignidade, e a possibilidade de uma vida efetiva e plena, onde haja possibilidade de vencer as dores.  Isso faz as pessoas serem fortes, decididas, superarem os medos, e lutarem por dias melhores, ou não se manterem presas a possibilidade de sucumbirem, aos jugos e submissas as ferramentas de controles.

As ruas de Quito e cidades que se levantaram, são jardins, cheios de flores de todas as cores e locais.


Indígenas do Equador - Telesur (obtido no sítio O Cafezinho)





E não demorou para os ventos da Primavera Sul Americana, se espalharem por outros locais e povos.

De forma tão intensa, também em meio a violências e condições sociais precarizadas, parte significativa deste caos social é de responsabilidade de governantes, voltados a políticas de direita, retrógradas, e que retiram direitos das populações e dos trabalhadores, foi assim também que a população no Chile reagiu.


Santiago nos últimos dias, se transformou, e nas ruas surgiram campos de batalhas, inclusive com mortes e tropas do governo atirando, e batendo em cidadãos que protestam contra anos de perdas de direitos, que ocorreram devido as ações concentradoras de renda, por minorias de políticos e elites econômicas, com empobrecimento de segmentos enormes da sociedade, para atender uma agenda internacional de exploração neoliberal, e de grupos de especulação e financeiros, mercados, vigentes como herança das intervenções desde a década de 70, e num novo processo de ataque a soberania e a autodeterminação dos povos latinos, desmontando as bases que suportam o equilíbrio da nação, por modelos imperialistas oriundos principalmente deste tal mercado, e do centro do poder norte americano, com destaque para a influências externas de grupos dos EUA.





No  entanto, esse processo de submissão imposto aos segmentos sociais desprotegidos, abandonados por seus governos, que inclui uma parcela considerável de responsabilidade por medidas de  poderosos locais, não é exclusivo nem decorrente apenas dos americanos,  mas dos interesses de outras associações, instituições, europeias também, que estão presentes como uma rede, com muita força nos rumos políticos, e nos fatores de pressão que fizeram levantar os chilenos, 1 milhão em protesto.



Milhares de manifestantes protestam em Santiago
Santiago do Chile - imagens Pedro Ugarte/AFP (reproduzida Folha/UOL)

O Chile, mas que nunca se tornou um exemplo do modelo neoliberal, um exemplo de exclusão social e como é péssimo viver num país, onde jovens não tem empregos, idosos não tem aposentadorias que lhes permitam viver, o povo pobre não tem serviços de assistência, e tudo se transformou num fracasso e dores.

E no Uruguai?

As vésperas de eleições, e em meio a reformas, o povo do Uruguai também vai as ruas, e mostra que os ventos de reação aos efeitos dos desastres sociais provocados pelo neoliberalismo, e suas reformas tirânicas e mortíferas, em pouco tempo, já rompem fronteiras.


Mas assim como ocorreu na Bolívia, que reelegeu  Evo, profundamente ligado aos movimentos sociais (e indígenas), há a possibilidade de eleição no Uruguai, de um candidato não alinhado com a direita. 

Lembrando que também imersa em crises, a Argentina, se prepara para a derrota do representante do mercado, do neoliberalismo, pois as pesquisas e a insatisfação popular, indicam que Macri será derrotado.




Enquanto no Brasil:





O governo de extrema direita de Bolsonaro, avança no projeto neoliberal que retira direitos da população, gera desemprego, e aumenta a miséria por todas as partes, deixando o Brasil isolado na América do Sul, e ainda longe dos ventos da primavera, que com a retirada de dignidade e condições de vidas dos simples, e parcela significativa da sociedade, certamente não deixará de soprar sobre os brasileiros. Para não falar do sectarismo, do preconceito alimentado contra os que vivem no Nordeste, só para exemplificar outras razões para mudanças necessárias.




Enquanto o governo, com acusações de ilícitos e corrupção sobre si, tenta desviar a atenção dos brasileiros, com elementos pitorescos e posição radicais, retrógradas, e declarações absurdas de autoridades, tanto quanto seus atos repulsivos, e gestos preconceituosos e divisionistas, sua agenda de destruição das bases econômicas, sociais, e políticas, que levam a perda de prestígio internacional, a crises sociais e a perda de credibilidade mesmo entre seus apoiadores iniciais, com todos os males que disso decorrem.






Tudo ocorrendo com algum apoio de elites locais, que com alguns benefícios e muita concentração de riquezas, mais a total cumplicidade do Congresso, evidente em aprovação de mais uma reforma de morte, a Reforma da Previdência, onde trabalhadores e idosos são penalizados, enquanto políticos, juízes e militares recebem privilégios, e estão distantes das maldades da dita reforma. Sem falar do judiciário, como muitos repercutem, distorcendo interpretações constitucionais, mesmo quando o texto não prevê interpretações, de tão claros que são, ferindo cláusulas pétreas (inalteráveis), para sustentar e criar ambientes que favoreçam os poderosos do governo, e os interesses dos privilegiados, com decisões questionáveis e formas de contenção, dos possíveis opositores aos projetos neoliberais, e do governo e seus personagens polêmicos.




Enquanto isso, a disposição do atual governo é algo triste, piora o ambiente físico e o nosso futuro, ao abandonar uma política de redução de impactos ambientais, o controle dos efeitos degradantes de atividades de exploração mineral, de extração de madeira (não só a ilegal), com destruição do sistema de fiscalização e repressão a crimes ambientais, atenuação de regras de controle de agrotóxicos, ou não punição de abusos, dos setores envolvidos. Algo que faz com muito cinismo, e ainda atacando a integridade de quem reage, com acusações caluniosas, como as feitas conta ONGS, e Greenpeace entre elas.


Mas o Brasil não é uma ilha no Sul, e mudanças contra a onda neoliberal, serão inevitáveis, mas quanto tempo isso vai demorar a acontecer, ainda é uma incógnita que será resolvida a medida que a tensão social aumentar, como efeito dos muitos ataques do governo Bolsonaro, como os em curso contra índios, sindicatos, educadores e a educação, além da omissão e abandono ao meio ambiente, que vemos hoje.



Esperamos que algum aspecto de mudança, já tenha início com uma retomada de um conduta mais coerente e responsável, pelos ministros do STF, voltando a corte a zelar pelo texto constitucional, e a agir acima de tudo com Justiça, algo que não ocorre há algum tempo, com atuações políticas e ditas parciais, negando direitos básicos dos cidadãos, e que se consumará enquanto rumo novo, se for revista a determinação de prisão após julgamento em segunda instância, fazendo Justiça segundo a nossa lei maior.