sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Um grande equívoco!

O que o Brasil tem vivido e experimentado há algum tempo, e em especial nos últimos 24 meses, é no mínimo um grande equívoco construído por muitos atores, de todas as partes.

A recente combinação e nítida orquestração ocorrida no julgamento do recurso de Lula no TRF4, veio confirmar e somar-se ao que muito se diz e tornou-se de domínio público, onde há uma percepção de desvios na implementação da justiça, no uso das leis e ritos, processos e instrumentos, de forma parcial e deliberada, para atingir o ex-presidente e assim de maneira clara, afasta-lo da corrida presidencial e das eleições 2018, muito mais que punir qualquer possível crime, algo que mesmo nos votos dos juízes e nos fatos apresentados, e supostas provas, não ficam comprovados e cabalmente vinculados aos delitos e irregularidades atribuídas a Lula.

Lliana Cirne o juiz está nu - Mídia Ninja 25.01

Santayana destrói decisão do TRF4 - O Cafezinho 25.01

A disputa pelo poder e perseguição aos desafetos políticos e ideológicos, estão mais claras e já ao alcance dos mais simples, que enxergam em Lula, especialmente, representante das lutas contra as injustiças as quais estão submetidos, e porta voz e guardião de sonhos e desejos de dias melhores.

Condenação não abala prestígio eleitoral de Lula, evidência Datafolha. Pois é, mas os tontos continuarão a trocar politica por polícia  - RedeTV - 31.01

Carmem Lucia e o STF como guardião do golpe. - Brasil247 02.02

O ativismo político protagonizado por seguimentos do judiciário e outras instituições, que demonstram compromissos com classes, grupos e interesses contrários ao enorme contigente social de excluídos e marginalizados, tem ampliado a divisão social e beneficiado as elites econômicas, financeiras, empresariais e políticas, à custa de mais desemprego, perda de direitos, sofrimento e morte de parcelas da população brasileira.
Este processo de divisão, de exclusão e perda de dignidade a qual está submetido o povo, especialmente as "minorias" e os pobres, associado a ações parciais e de manipulação de leis estruturas do Estado, para preservar o corporativismo e elitismo, ou grupos políticos, inclusive rompendo as bases do "Estado de Direito", gera o maior apoio a uma figura como Lula, mas também evidencia algo que já se percebia nas minorias, que leis e estruturas se aplicam a proteção das elites e no "controle" e opressão dos marginalizados, fazendo-se uso destes instrumentos e outros de repressão conforme a conveniência de um sistema em mãos de alguns "poderosos", sem muita coerência ou respeito a Constituição e a vida.
Um plano e uma estratégia equivocada, do capital, de segmentos elitistas, onde cabem toda sorte de conluios, com mídias, políticos, ruralistas, "religiosos", empresários, especuladores, "judiciário", levaram a um golpe e ascensão ao poder e ao governo uma quadrilha que implanta o caos social gradativamente. E fortalece a imagem e necessidade de um "salvador do povo", a Lava Jato e ações do juiz Moro, denunciadas até em CPI, mas avalizadas em outras esferas como o TRF4 e STF, com decisões e omissões com cheiro de "acordos injustos" ampliam como no caso Lula a certeza de um judiciário a muito apequenado, ainda mais se comparado a decisões em prol de outros, tidos publicamente por "malfeitores", como Aécio Neves, José Serra, Michel Temer e outros beneficiados em ações e decisões questionáveis, mesmo nas mais altas esferas do judiciário. Um risco advém dessas ações fraudulentas, que visam manipular resultados das eleições de 2018, o de ainda que eleito outro candidato, as divisões da sociedade inviabilizarem seu governo, tendo a questão e sombra de Lula pairando como ameaça à todo desenrolar dos fatos.

A peperseguição contra Lula, ainda mais próximo do povo- foto JB
Ainda que persistam no intento de calar o povo, ignorar sua insatisfação e para isso dá um fim a Lula, com sua prisão e perseguição de seus apoiadores no PT e em outras siglas, ou movimentos sociais ou segmentos progressistas, há um grande risco de se erguer um grupo mais radical, ou surgir um processo de reação que ampliem os problemas sociais, ou levem a estágios e formas de organização e reações caóticas, "desorganizadas" e sem líder que culminem em situações e violências como as vistas no RJ, seja na estrutura do estado ou na sociedade, tão violenta e violentada, tão injusta e desgovernada.

Não é só Moro, juízes do TRF4 que condenaram Lula tem auxílio moradia sem precisar - RBA 02.02
Outro aspecto, a percepção de injustiças e faltas das instituições abalam a confiança nestas por muito tempo, e podem também fazer surgir a "devoção" por um mito, maior que a figura real do Lula, e desencadear ações indesejadas e ruins, por muito tempo, ainda que não seja capaz de reverter o quadro atual, mas para servir de símbolo e aumentar pressão popular e contestação do sistema, não legitimando processos, e que pode ter reflexos sabe-se lá por quanto tempo e como vai nos atingir. Preocupação plausível e que de alguma forma é compartilhada até por figuras como a do jornalista parcial, o Reinaldo.

Ameaças já pairam sobre uma unidade de esquerda, e vem como um jogo e tomadas de posições conformistas, como em editoriais "pacifistas" que se propõem a chamar o campo das esquerdas a se organizar entorno de "novos", uma falácia que representa sucumbência ou atestado de culpa ante as aberrações injustas que são praticadas ilegalmente para atingir mais que Lula e o PT. Não que achemos mérito ou que há resolução melhor em "violencias", isso não, mas ignorar o tensionamento e a pressão decorrentes dos atos de injustiças, é uma situação igualmente indesejada e perigosa neste processo em curso.

Um PT agressivo e em guerra é o sonho dos extremistas de direita - El País 02.02

Há muitos pólos, atores, interesses e riscos, mas paralisar por medo, não é alternativa. E recordo que, o maior exemplo de defesa e vida em paz, enxergamos em Cristo, mas ele nos ensinou a não compactuar com farsas, hipocrisias, mentiras e oportunistas, e foi firme e duro nos enfrentamentos necessários, sem agir como os que combateu (ou o que simbolizavam).

A atitude "legalista" e de espera, seja do PT, ou outros partidos de esquerda e segmentos sociais, sem uma ação popular e de mobilizações mais fortes, para além da militância, é sinal de fraqueza e desorganização, que podem ser responsável por parte do que acontece agora, e estimular as ações marginais das elites, as farsas no judiciário, Congresso e governo, mas também fazer surgir um maior radicalismo em suas fileiras.
E ainda há um "oportunismo" irresponsável no campo da esquerda, assumindo uma postura desagregadora e infrutífera, ao se voltarem para um "espólio de votos" de Lula, como um degrau de ascensão, em algo pouco realista e que legitimam a má conduta dos golpistas, dos algozes de Lula e privilegiados de um sistema corrupto e corporativista. Para o qual teríamos que está unidos e enfrentando, por razões além do Lula.

É um equívoco pensar que sem Lula disputando, as coisas ficam melhor, ou que é apenas escolher entre candidatos medíocres ou enganadores dentre os nomes que se apresentaram, como Color, Ciro, Marina, Bolsonaro, ou seja lá quem se apresente com seus "projetos". As forças progressistas deveriam fugir desta armadilha, que seria avalizar injustiças que o povo já vê com grande clareza e rejeita, como mostram as pesquisas de opinião.

Em meio a tantos equívocos e injustiças, difícil será nos erguermos. O Brasil perde muito!
Infelizmente o que vislumbramos para todos serão momentos ruins e indesejados, ainda mais diante de realidades sociais duras, e roubando do povo suas esperanças.

Desemprego médio em 2017 é o maior da história diz IBGE - Veja 31.01

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