quarta-feira, 22 de abril de 2020

Onde vamos parar?




Em dias difíceis como os da atual pandemia, o que tem sido uma constante além do crescente número de doentes e mortes, no Brasil e no mundo, também as informações falsas ou inconsistentes em várias partes e países, principalmente para amparar interesses econômicos e financeiros de alguns poderosos, como aqui, com os destemperos de Bolsonaro e sua obsessão por levar milhares a exposição a riscos desnecessários e de morte (principalmente), mas também vemos muitas atitudes desencontradas e equivocadas e várias esferas das cadeias de controle e combate da pandemia, aliadas a falta de sensibilidade de segmentos da sociedade e de grupos que atacam e combatem não o vírus, mas as medidas de controle e defesa da vida.








Foi por erros como estes que a Itália acumulou milhares de mortes, também na Espanha, e o que dizer dos EUA onde Trump dizia que poria fim ao isolamento em 07.04, e antes, que os Estados Unidos não seria afetado pela Covid19.  Linha que até hoje permanece incomodando os brasileiros e que Bolsonaro se apropria como sua bandeira, levar brasileiros a se expor, trabalhar e propagar riscos entre os mais pobres, e mentir para que isso se realize, não importando quantos irão morrer, como se diante de interesses econômicos dos ricos, poderosos e com recursos para se protegerem, de tal forma, que teriam acesso a atendimento médico e leitos em UTI's privadas, enquanto milhares morreram em casa sem atendimento ou nas recepções e corredores de hospitais, sem qualquer assistência médica, com o sistema em colapso total.


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Corpos pelas ruas de Guayaquil, que vive desastre sanitário. Imagem: reprodução/ Diário da Causa Operária






Em várias partes do mundo, governos tentam tirar proveito da pandemia para se manter a qualquer custo, enquanto mortes superam notificações, testes, internações e vagas em hospitais, e as mortes que não são representadas pelos números oficiais e omissões propositais, mas por cenas horríveis de corpos amontoados em ruas, sendo sepultados em caixa de papelões como no Equador, em valas coletivas como nos EUA, ou mesmo transportados em comboios militares como na Itália, ou denunciados por covas a perder de vista em cemitérios como os brasileiros, depois de estarem amontoados em hospitais onde dividiam espaços com internados em estado graves.  








(foto: AFP / MICHAEL DANTAS)
(foto: AFP / MICHAEL DANTAS) - Sepultamento coletivo em Manaus - AM reproduzido do Correio Braziliense
Parentes de vítimas do novo coronavírus sofrem com enterros sem despedida - G1 20.04



Pacientes com covid-19 em leitos hospitalares pelo mundo.Foto: Reuters/Flavio Lo Scalzo Reproduzido do Diário do Litoral




 (Foto: Peu Ricardo/DP FOTO.)
Foto: Peu Ricardo/DP FOTO.

Também é nítida a gravidade da falta de teste massivo, não se sabe quantos brasileiros foram contaminados, não se consegue desta forma balizar medidas para além do isolamento social, muito menos dimensionar as estruturas e recursos necessários para atender demandas médicas, sanitárias e de sepultamento, controle e reativação das atividades econômicas e sociais, mas configuram-se falhas que podem ser explorada por  maus governantes, sejam para benefícios próprios ou pretensões políticas futuras como as que denunciam a posição do presidente Bolsonaro. É escandalosa no entanto a contradição entre as declarações do presidente e de seus apoiadores, e imagens de doentes, corpos, covas e sepultamentos que se espalham como, em Manaus - AM, São Paulo - SP, Rio de Janeiro - RJ, e Recife - PE, só para ilustrar.


Pernambuco reflete erros, tanto da população que desrespeita o isolamento como das autoridades, que em busca de resultados rápidos e fora da capacidade estrutural dos serviços de saúde, hospitais e emergências, tomam medidas desproporcionais ou sem cuidados adequados para com segmentos importantes. No primeiro caso vemos pessoas circulando, comprando, lojas funcionando à margem da determinação de fechamento do comércio pelo governo do estado, são concessionárias, livrarias, lojas de 1,99, e até bares, algo que vemos em vários pontos da RMR - Região Metropolitana do Recife, especialmente na área norte.

Filas enormes para agência da Caixa Econômica em Casa Caiada  Olinda - PE Foto José Dilson


Noutro polo há omissão do Estado quanto ao que ocorre no serviço de transporte urbano, com ônibus lotados e menos veículos mesmo para atender quem precisa estar no trabalho e executar serviços sociais, com exposição e riscos desnecessários.  É necessário maior firmeza em relação ao Consórcio Grande Recife.  Também ao atribuir a pessoas que prestam serviços essenciais, responsabilidades que não lhes cabem, fora do espectro dos órgãos reguladores, estando acima de suas competências e deveres, um exemplo é como o governo trata os bancários (ainda que em dados aspectos sejam cobrados os bancos), ao exigir que fora dos limites da dependência e longe do seu espectro de atuação, sem garantia alguma, que funcionários de bancos organizem filas quilométricas em áreas públicas e privadas, para além dos limites dos bancos, em filas digamos quilométricas, quando tais funcionários atuam em outras funções, podem ser alvo de bandidos e sofrerem violências ou tentativas de assalto ou agressões, não tem poderes de polícia, nem poderes para determina nada, ainda mais em áreas de terceiros e vias públicas, quando cabe as autoridades que desejam manter os serviços básicos de atendimento a população carente e aos beneficiários de programas sociais de renda, sejam eles federais, estaduais e municipais.

Tão grave é a disposição do governo estadual conjuntamente com autoridades municipais, em desativar atendimentos emergenciais em unidades da RMR que funcionam para atender casos pediátricos e adultos, deixando a população sem atendimento mínimo em momentos de demanda por saúde, para atender casos que são relacionados apenas a Covid19, ignorando outras necessidades urgentes dos pernambucanos, com riscos para pessoas e profissionais de saúde. São situações graves mesmo considerando a pandemia, pois ao invés de desativar emergências e reduzir quadros de profissionais de serviços emergenciais, o caminho deveria ser na ampliação dos hospitais de campanha e formação de equipes específicas para tratar do Novo Coronavírus, com treinamento e equipamentos adequados, sem uso dos profissionais despreparados para pandemia, que prestam serviços nas emergências que serão desativadas por interferência do governo de Pernambuco e de prefeitos. Os esforços estaduais poderiam também ser pela ampliação do atendimento e dos quadros de saúde, com captação  de profissionais externos, a exemplo do que ocorreu em outros países pela captação de apoio e ajuda internacional, como na contratação ou obtenção de ajuda dos médicos cubanos, muitos dos quais habituados a enfrentar graves crises médicas e de saúde.

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